Vereadora denuncia que resíduos de couro seriam enterrados pela prefeitura

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Guaíra, 16 de julho de 2016 - 08h04

A Dra. Bia Junqueira constatou a existência de uma vala, que estava sendo preenchida com o material e ao lado uma grande quantidade de terra, que serviria para cobri-lo. Chefe do departamento de serviços urbanos nega a denúncia

  

Na tarde da última quarta-feira (13), a vereadora Ana Beatriz Coscrato Junqueira resolveu conferir a atuação da prefeitura quanto à grande quantidade de resíduos de couro encontrada no Aterro Sanitário e se deparou com uma máquina abrindo buraco para, supostamente, enterrar todo o lixo tóxico.

Imediatamente ela solicitou a interrupção dos trabalhos, uma vez que ali também existia a suspeita de prática de um crime ambiental. Ao questionar o funcionário, que manobrava o maquinário, a parlamentar recebeu a informação de que o serviço dele seria fazer uma abertura e jogar o material dentro.

“Quando cheguei aqui, me deparei com o couro sendo enterrado, não tem nada de fazer buraco, porque não precisaria de nada disso para pegar o couro. Chegamos aqui desde o começo, temos fotos e vídeos e depoimento gravado do funcionário falando que não queria nem estar aqui e que quem mandou fazer isso foi o Luciano. Então, vamos no promotor depois ele decide se eles realmente estavam fazendo buraco para colocar o couro no lençol freático e depois tirar ou se estavam querendo descartar para ninguém ver”, ressaltou Bia. “Sorte que eu cheguei, se não iriam enterrar mais”, completou.

O chefe do departamento de Meio Ambiente, Alaor Borges Pinheiro e a chefe do departamento de serviços urbanos, Patrícia Paulino Gonçalves, foram até o local para justificarem o serviço que estava sendo feito. Houve uma intensa discussão entre todas as partes.

De acordo com Patrícia, tudo foi um “mal-entendido”. “Estamos fazendo o transporte do material para o barracão de reciclagem, um local coberto, porque se chover não vai contaminar o lençol freático, de acordo com as orientações da CETESB para mim e o meio ambiente. Estamos fazendo o transporte com os caminhões, as máquinas pá carregadeira, e pra trabalhar com máquina, de repente, às vezes pega um pouco de terra. Essa acusação da vereadora não procede e eu não dei essa ordem pra enterrar o lixo tóxico”.

A chefe declarou que o funcionário foi orientado por Luciano, seu assistente no departamento. “O funcionário disse que a ordem era enterrar. Mas o procedimento dele era para fazer o buraco e jogar o resíduo para espalhar o mínimo possível na hora de pegar para jogar dentro do caminhão”, explicou.

Segundo Luciano, essa foi a ordem, mas não era para enterrar e sim esperar que o outro maquinário chegasse para que eles pudessem transportar o couro para o barracão. “Essa ordem não aconteceu, ele fez o serviço dele, que era amontoar os resíduos, fazer um escalonamento pra fazer o carregamento. Às vezes ele interpretou de um jeito, com a chegada do pessoal, ele ficou com medo, e como não reconhecemos esse descarte ilegal de couro estamos fazendo o serviço de praxe, que é retirar e colocar no barracão, fazer como estamos fazendo”, contou.

Porém, com a chegada da vereadora e a intensa discussão, Luciano disse que se sentiu pressionado e acabou retirando todo o couro da vala, voltando novamente para o mesmo local, para somente depois ser jogado no caminhão.

Alaor esclareceu que estava seguindo a recomendação da CETESB. “Falei particularmente com o Márcio e foi orientado o seguinte: fazer o acondicionamento desse resíduo, que não sabemos quem colocou aqui – temos um indício de uma empresa que estava no meio do resíduo (sacos plásticos com identificação) – para armazenamos o resíduo no barracão e notificar a empresa. Estamos aguardando o retorno da empresa porque ela será obrigada a dar o descarte exato com esse couro. Ou tentar achar para onde comercializou, alguma firma da região, que conhece muito bem nossa cidade e descartou aqui, porque essa área estava desativada e a pessoa deveria conhecer o local”, expôs.

Patrícia Gonçalves declarou que já foram levados mais de 10 caminhões carregados de couro para dentro do barracão, localizado na antiga Usina de Reciclagem. “Se não couber vamos arrumar outro local para acondicionar, até descobrir quem fez isso aí. A pessoa terá que se responsabilizar.”

A Dra. Bia Junqueira já havia denunciado, no dia 03 de julho, o descarte irregular de resíduos de origem industrial (restos de couro) espalhados por toda a área do aterro, próximo a antiga Usina de Reciclagem localizada às margens da estrada de terra que liga a avenida José Flores à rodovia Assis Chateaubriand, a SP-425.

Diante da evidência clara de um crime ambiental em uma área utilizada pela prefeitura municipal, a vereadora convidou o presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente, Devair Queiroz e o conselheiro Roberson Ribeiro, que estiveram na área e presenciaram o fato, sendo testemunhas da denúncia. Eles se comprometeram a levar o assunto até o conhecimento do CONDEMA.



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