Especialidades podem se desligar dos plantões SUS da Santa Casa de Guaíra

Com seus salários atrasados, médicos de especialidades podem paralisar o atendimento à população guairense a partir de fevereiro; hospital confirma crítica situação financeira e pede ajuda da comunidade

Cidade
Guaíra, 13 de janeiro de 2018 - 09h03

A Santa Casa de Misericórdia de Guaíra continua em estado crítico. De acordo com o provedor Jonas Lellis, o hospital encontra-se “na UTI”. Além de todas as reformas necessárias para manter uma boa infraestrutura, a entidade passa por dificuldades financeiras e não está conseguindo pagar os médicos de especialidades adequadamente.

Nesta semana, os profissionais da medicina receberam os valores atrasados referentes a novembro, mas ainda faltam dezembro e internações do SUS, além de janeiro, que vencerá no próximo dia 20. Assim, as especialidades podem paralisar o atendimento à população, desligando a pediatria dos plantões já no dia 22 de janeiro e todas as outras no início de fevereiro.

Os médicos confirmam que vão manter a escala até essas datas e, caso não haja acerto, paralisam, mantendo somente o atendimento às emergências com risco de morte (infarto, acidentes, traumas, convulsões e outras urgências), como a ginecologia, que manterá apenas suas pacientes de risco. “O que não for urgência envolvendo risco de morte, o Pronto Socorro terá que resolver e encaminhar para outro hospital. E quando for urgência de atendimento SUS, não serão preenchidos os documentos da Santa Casa, apenas o que se refere à prescrição médica”, declarou uma fonte que não quis se identificar.

O provedor da entidade confirmou que esteve reunido com o Ministério Público nesta semana, para apresentar a situação do único hospital de Guaíra. Além disso, a situação dos médicos também já foi protocolada no Conselho Regional de Medicina e no Ministério da Saúde, já que, além dos salários atrasados, eles estão com restrição na Receita Federal, pois, quando receberam os informes em 2016, declararam e pagaram sua parte, mas a Santa Casa, na época, não fez sua parte e agora eles correm o risco de serem considerados “devedores solidários” e de entrarem na “malha fina” da Receita.

“Devemos para os médicos, temos muitas dívidas, a administração passada foi muita confusão, não só na Santa Casa, mas na prefeitura, no Brasil inteiro. Estamos trabalhando sério para ver se conseguimos estancar esses problemas que temos. A prefeitura está nos ajudando, a população está nos ajudando, mas precisamos de mais apoio”, afirmou Jonas.

INFRAESTRUTURA

A aparência da Santa Casa de Guaíra também demonstra a carência financeira para fazer reparos que são mais que necessários. Com as chuvas, goteiras apareceram por todo o hospital, como na recepção e até mesmo na sala de Raio-X.

Jonas ressalta que a provedoria gastou mais de R$ 10 mil para fazer um “remendo”, trocando 60 telhas. “Nós compramos 60 telhas e fizemos um remendo bem feito. Mas, para ficar um serviço bem feito, precisaríamos trocar 600! Nós estamos apagando fogo, remendando aquilo que dá. Quebrando galho por falta de recursos”, lamenta.

O provedor comemorou o sucesso da rifa de uma motocicleta em dezembro de 2017 e mostrou o quanto a diretoria está empenhada em buscar recursos para a entidade, entretanto, ainda não é o suficiente. “A rifa foi maravilhosa. A maioria dos números nós vendemos, a vencedora da moto doou o veículo novamente para a Santa Casa e faremos outra rifa em breve. Peço a conscientização da população, pois é o único hospital que temos em Guaíra e ele está na UTI, faço das palavras do Henrique Prata (gestor da Santa Casa de Barretos) as minhas, a Santa Casa de Guaíra está na UTI também, não é diferente das outras no país”, expôs.

COLABORAÇÃO

O hospital solicita, mais uma vez, a colaboração da comunidade guairense. “Pedimos ajuda de todos através das doações das contas de água, da campanha do DEAGUA. Ajudem, porque estamos trabalhando sério, nossa diretoria é muito boa, estamos fazendo de tudo para reduzir custos e tentar pagar as dívidas. Mas, a situação continua em alta dificuldade. Contribuam com o que puderem”, finaliza Lellis.


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