Feira Livre, um espaço que poderia ser melhor aproveitado

O local, que custou mais de R$ 1 milhão aos cofres do município e do Estado, é utilizado apenas duas vezes por semana. Local poderia ser palco para atividades culturais e feiras alternativas

Cidade
Guaíra, 23 de fevereiro de 2018 - 09h51

Domingo é dia de feira. Já na madrugada, os feirantes começam a preparar seus espaços. O movimento e ritmo são acelerados, pois logo nas primeiras horas da manhã os clientes chegam em busca dos produtos fresquinhos. São 97 feirantes, ou seja, quase 100 famílias que utilizam aquele espaço para o sustento ou complemento de suas rendas.

A feira livre “Tomozilo Miada”, localizada na avenida José Flores, entre as avenidas 25 e 29, entre os bairros Vila Aparecida e Jardim Paulista, é um atrativo para as manhãs de domingo dos guairenses. É utilizada por aqueles que fazem a feira da semana, como para quem busca lazer ou até mesmo rever os amigos para um papo rápido.

Nos dois galpões que foram construídos em cima da galeria de águas pluviais, o movimento de pessoas é grande até por volta das 13 horas. Lá, os consumidores encontram desde o pastel de feira e a tradicional garapa, a produtos como verduras, legumes, carnes diversas, artesanato e até brinquedos.

Enfim, a feira livre é o patrimônio do guairense. Quem visita a cidade logo se impressiona com a arquitetura que foi construída para os feirantes, que antes de 2012, quando foi inaugurada na gestão do ex-prefeito José Carlos Augusto, utilizavam a área de uma das pistas da avenida José Flores com barracas que não eram padronizadas.

Hoje, cada um dos comerciantes pode estacionar seus veículos ao lado da calçada do galpão, com seus estandes já definidos. Mesmo que não exista uma padronização das bancadas onde expõem os produtos, a forma com que estão disponibilizados favorece as compras, uma vez que deixam o consumidor à vontade para escolher o que deseja levar.

TREINAMENTO E PADRONIZAÇÃO

Todos os domingos a prefeitura, por meio do Departamento de Tributação disponibiliza um fiscal para atuar na feira livre. Ele serve como organizador e até mesmo para evitar que pessoas que não estejam habilitadas invadam o espaço dos feirantes. Entretanto, a atuação do poder público poderia ir mais além, uma vez que ali é um local que gera emprego e renda para as famílias.

Quem visita a feira livre logo percebe que algo se destaca nos feirantes: o bom atendimento. Cada um está ali para vender seus produtos e a satisfação dos consumidores é uma meta a ser alcançada, não somente com a qualidade do que é oferecido, mas sim recepção. O poder público poderia auxiliar os comerciantes com investimentos na padronização de seus expositores, bem como cursos em áreas como gestão financeira e manuseio de alimentos.

OBRA CUSTOU R$ 1 MILHÃO

A construção dos dois galpões da Feira Livre foi motivo de polêmica na gestão do ex-prefeito José Carlos Augusto. Atrasos na obra, críticas e até suspeitas de que a obra nos canais de escoamento de águas pluviais poderia gerar problemas na estrutura. Tudo teve fim e caiu por terra, quando a área foi entregue à população como deveria, para atender os feirantes e resolver o problema dos moradores que residem nas proximidades.

No dia 9 de setembro de 2012, último ano da gestão José Carlos, foi inaugurada a Feira Livre Tomozilo Miada, que custou mais de R$ 1 milhão, sendo R$ 810 mil em recursos liberados pelo Governo do Estado, por meio da atuação do deputado Roberto Engler (PSDB), e R$ 230 mil em verbas do município.

O Governador Geraldo Alckmin (PSDB) não esteve na inauguração, mas havia descerrado a placa do novo espaço da feira livre durante visita à cidade, que marcou o início das obras de recapeamento da Rodovia Fábio Talarico no trecho de Guaíra (aproximadamente 26 quilômetros de asfalto recuperado, com investimento de R$ 15,3 milhões).

MELHOR APROVEITAMENTO

A Feira Live é um amplo espaço, dotado de iluminação e energia elétrica para cada feirante. Além disso, dispõe de banheiros masculino e feminino e um local destinado para comercialização de salgados para a iniciativa privada. Na maioria das vezes, este prédio também permanece fechado durante a semana.

Além do domingo, os galpões são utilizados apenas na quinta-feira, quando existe uma pequena feira composta por parte de feirantes que já vão no final de semana. O movimento é considerado pequeno durante a semana. Ademais, um comerciante utiliza o espaço expondo cadeiras e comercializando refrigerantes e salgados. E, como não existe uso por parte do poder público, os pilares de sustentação servem para expor placas de propaganda de um mercado.

Em contato com uma comerciante, que mantém sua empresa nas proximidades à feira livre, ela disse que o local poderia ser melhor utilizado pela prefeitura, com exposições, atividades culturais e até mesmo feiras alternativas, como de produtos orgânicos e artesanatos.

Segundo ela, uma estrutura como a feira livre não pode ficar ociosa. “Se o poder público incentivar a ocupação deste espaço, trazendo para cá suas atividades culturais e até esportivas, evitaremos que o mesmo seja utilizado para outros fins que causam transtornos aos moradores. É preciso ter um novo olhar”, destacou a empresária.

Projetos, como aulas de artesanato, biblioteca circulante, aulas de capoeira ou até mesmo treinos de judô, poderiam ser realizados no espaço, oferecendo entretenimento e movimento de pessoas para o local, que iriam abraçar a Feira Livre “Tomizilo Miada” como um verdadeiro patrimônio pertencente ao povo guairense.


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