Guairense denuncia descaso com pacientes que utilizam ambulâncias da prefeitura

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Guaíra, 15 de junho de 2016 - 07h46

A munícipe contou que o governo não está priorizando pessoas com deficiência para o transporte. A prefeitura ainda não respondeu sobre o motivo de Sérgio de Mello não firmar convênio de apenas R$ 12 mil com a AACD

Em maio deste ano duas ambulâncias foram para o conserto e uma delas ainda está na oficina com o motor fundido.

Em maio deste ano duas ambulâncias foram para o conserto. Uma delas ainda está na oficina com o motor fundido.

 

Na semana passada, a guairense Camila procurou a redação do Jornal O Guaíra para fazer uma grave denúncia sobre o descaso da prefeitura com pacientes que necessitam das ambulâncias do município para se deslocarem aos hospitais da região.

A munícipe leva dois de seus filhos para o HC de Ribeirão Preto semanalmente com o veículo especial pois sua filha possui paralisia. Porém, Camila conta que, há alguns meses, está enfrentando problemas para viajar. “Essa é a primeira vez que procuro alguém para fazer uma reclamação. Viajo há 8 anos, mas de uns tempos para cá o desrespeito aumentou. Já viajei dentro da ambulância com meu filho, que tem baixa resistência, e com um mendigo ‘amigo’ do motorista. Em outra ocasião já tivemos que vir em seis pessoas dentro do veículo!”

De acordo com a guairense, não há prioridade para as pessoas com deficiência, já que a ambulância carrega pacientes que vão apenas a consultas de rotina. “Eu queria saber qual é a prioridade para utilizar o veículo especial, porque já voltei com gente que estava com sacolas de compras”, explica.

O que deixou Camila decepcionada foi a indiferença do motorista na viagem do dia 21 de maio. “Minha filha fez uma cirurgia nas costas e foi liberada na manhã de 21/05. O HC solicitou a ambulância em Guaíra para nos buscar. Quando o carro chegou acabei caindo pois estava carregando muitas malas e a cadeira de rodas. Minha filha ainda estava sedada e foi ao chão. O motorista não fez absolutamente nada. Tive de colocá-la na ambulância, além das malas e da cadeira. Neste dia voltamos em seis pessoas, sendo que uma senhora estava ainda muito mal. Voltei com minha filha no colo, pós-cirurgia, pois não havia espaço”, desabafa.

Já na viagem de seis de junho, a munícipe chegou em Ribeirão às 7h e teve de esperar o ônibus retornar às 16h30 pois a ambulância não apareceu para buscá-las. “As consultas da minha filha sempre terminam às 9h, mas neste dia a ambulância foi levar uma mulher para fazer perícia em Bauru, de acordo com declarações do próprio chefe do setor de transportes da saúde, e não voltou. Como não estava preparada para ficar tanto tempo fora, não tinha nem comida para dar para a minha criança”, relata.

Camila explica que foi conversar com o chefe do setor no outro dia e o mesmo explicou que haviam apenas duas ambulâncias em funcionamento e que as outras duas estavam no conserto. “Eu queria saber como a prefeitura tem somente 4 ambulâncias para atender mais de 40 mil habitantes, entre pacientes do SUS, convênios médicos e Santa Casa, pois foi isso que eles me explicaram”, diz. “Eu não solicitaria este veículo se não precisasse tanto, mas minha menina possui muitos problemas de saúde”, completa Camila, que mostrou os documentos e receitas médicas de sua filha para confirmar sua necessidade.

POSICIONAMENTO DA PREFEITURA

Em resposta, o setor de transporte declarou que a outra paciente foi conduzida para Bauru para atendimento médico. “De acordo com levantamento realizado, a paciente que foi até a referência de Bauru – O Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo, conhecido por “Centrinho”, para atendimento médico e não para perícia como foi informado pela reclamante.”

O governo também alegou que não possui apenas 4 ambulâncias. “O município possui 08 ambulâncias, sendo uma para realizar o transporte dos pacientes do bairro São José do Albertópolis (CMW 3473) para atendimento no município, uma para transporte intramunicipal (CPV 6032), 01 SAMU (EHE 1201), 01 reserva para SAMU (CPV 6009) E 04 veículos que realizam transporte intermunicipal EEF 3145, FUJ 9394, DJP 9680, FQD 3857.” Porém, na Audiência Pública de Saúde realizada na última sexta-feira, 10, foi confirmado que somente dois veículos estavam rodando.

Apesar da denúncia, o setor explica “que os ‘passes’ são liberados apenas com apresentação do comprovante de atendimento médico (agendamento), e todos os motoristas são orientados a transportar apenas pacientes com ‘passe’” e que há um estudo para que a assistente social e enfermagem façam a verificação da real necessidade e uso da ambulância pelo paciente.

O setor de transportes entrou em contradição com Camila ao alegar que no dia 21 de maio, a guairense não havia solicitado previamente o transporte. “Na data informada pela reclamante (21/05) foi um sábado e não há solicitação previa no setor de transporte de ambulância para transporte ambulatorial.”

 

CONSEQUÊNCIAS

Após a denúncia da guairense, a equipe de redação do jornal O Guaíra entrou em contato com o gabinete da prefeitura. Ainda na semana passada Camila contou que foi ao setor de transportes e a identificaram como “a denunciante do jornal”.

Ao viajar novamente para o HC de Ribeirão com a ambulância nesta segunda-feira, 13, com agendamento prévio de duas semanas, a munícipe contou que enviaram o veículo adaptado para ambulância, menor que a convencional, para ela e outra mãe. “Viajamos muito apertadas, pois o filho da Juliany, que não movimenta nenhuma parte do corpo, foi deitado na maca, com uma parte da cadeira de rodas em suas costas e a outra em cima dele. Tive que levar minha filha no colo com as pernas em cima do garoto, pois não havia espaço. Disseram que as outras ambulâncias estavam ocupadas, mas a Juliany havia agendando a viagem um mês antes!” denuncia Camila.

Ao procurar o setor de transportes para registrar a reclamação, a guairense disse que foi “ameaçada”. “Disseram que se eu ficar reclamando será pior para mim e que o município não tem obrigação de ceder transporte para que eu leve meus filhos ao HC”, declara.

“O prefeito não assina nem o convênio com a AACD o que está deixando as mães desesperadas e agora estão falando que não são obrigados a nos levar. Queria apenas mais respeito”, completa.

A guairense ainda contou que nunca conseguiu cadeira de rodas pela prefeitura de Guaíra e se não fosse o HC não sabe como carregaria sua filha e que também não conseguiu os medicamentos mais caros pelo governo. “Só quero conseguir transportar minha filha adequadamente, pois ela já sofre muito em decorrência de sua doença”, conclui.

 

SEM RESPOSTAS

O jornal O Guaíra enviou os questionamentos para a prefeitura no início da semana passada, mas até o fechamento desta edição, o governo ainda não havia respondido sobre o sucateamento da frota municipal; o motivo de não ceder fraldas para a criança com paralisia; a não disponibilização de medicamentos maus custosos; e o não fornecimento da cadeira de rodas para a criança.

A atual gestão também foi questionada, pela segunda vez, à respeito do convênio não firmado com a AACD de apenas R$ 12 mil reais, mas nada foi explicado até o momento.

 



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