Jocemara Flores: música, amor aos animais e alegria de viver!

Geral
Guaíra, 2 de outubro de 2018 - 11h28

 

Você toca quais instrumentos?

Eu toco piano, teclado, alguns instrumentos complementares como o violão e a flauta doce para a musicalização.

 

Onde você atua, hoje?

Voltei a dar aula em casa e isso foi um presente porque eu tinha parado…teve uma época que dei aulas de inglês no município.  Fui tentando outras alternativas, para sair um pouco da música e diminuir essa parte musical, mas ela está sempre do meu lado, não tem jeito, faz parte de mim.

 

Há quanto tempo está à frente do Coral Raízes?

Faz 18 anos que estou  com o Coral…é uma vida! Na realidade, minha relação com o Coral Raízes e até  engraçada, porque uns me tratam como  filha, para outros  sou  a mãe, outros ainda  sou amiga deles, a confidente, mas também dou bronca quando precisa, para que  fiquem firmes no que eles querem, não deixarem se influenciar por qualquer coisa, para  serem mais independentes. A questão é que a musica faz isso, eles são mais felizes, passeiam mais, não tem bengala que impeça de se apresentarem, até de andador eles já foram se apresentar. É algo muito forte, quando assumi nem sabia muita coisa sobre de música raiz, minha formação era clássica eu dava aula de piano e teclado na Casa de Cultura. E ai o Coral surgiu, ele já existia com a Izilda e realmente não podemos desmerecê-la, pois é uma pessoa maravilhosa! Nós sempre conservamos as raízes, acho que o nome não é só “musica raiz”, conservamos a história, de onde veio e quem teve essa ideia. No inicio era uma ideia simples de se fazer umas serenatas e hoje eles fazem missa, se apresentam fora de Guaíra, há um grande  carinho, as pessoas têm um respeito enorme por eles,  fora daqui também e isto é uma coisa maravilhosa.

 

Hoje você ensaiam nas dependências da Seicho-no Iê…

Isso mesmo! Foi uma ideia maravilhosa! Quando a gente acha que acontece um  momento  ruim,  encontramos   uma postura de respeito, porque o que o Coral precisa é  respeito e isso é importante, então, de uma situação difícil porque não tínhamos onde ensaiar,  se transformou em uma atitude de amor e solidariedade, isto  é incrível. A cidade se mobilizou, e foi  importante para  a autoestima deles. Eles ofereceram espaço, o Daniel Penasforte, que hoje é responsável pelo coral, tem a Ocisp que é responsável pelos projetos junto com a Casa de Cultura,  já tinha amizade com o pessoal da Seicho-No-Ie,  informou  que  precisávamos de  um espaço e lá já existe uma  filosofia voltada para a valorização do idoso. Então estamos no lugar certo, o carinho da Beni, da Regina, de todos os demais… estamos fazendo um som toda terça e quinta, vamos para a  praça,  comemoramos  esta  Semana do Idoso, vamos fazer a missa domingo, então eles estão felizes e isso é o mais importante, se eles estiverem felizes, eu também estou.

 

E o cerimonial, continua?

Tenho o pessoal que toca comigo que vem de Barretos e tem o Boni aqui em Guaíra que é uma gracinha, toca trompete. O Boni é um presente para o Coral Raízes, porque agora ele voltou após ir para São Paulo e está no Coral, toca comigo também nos cerimoniais. Este pessoal de Barretos toca violino, sax, é um grupo, mas a noiva tem a opção de escolher o que quiser, se quer o cantor, ou cantora ela escolhe e monta como ela quer. Já faz 32 anos que eu faço os cerimoniais de casamentos. Foi bem quando comecei a dar aula, surgiram os casamentos e hoje eu tenho esse grupo.

 

Fale um pouco de seu conhecimento com o Boni!

Deus é magnífico, quando conheci o Boni foi com um grupo de oração. Eu tocava e o Boni chegou também para tocar.  Deus coloca as pessoas certas na hora certa! Eu estava numa fase muito triste,  separada e ele estava em Guaira, então ele virou um irmão, um apoio, depois a mãe dele faleceu, mas eu continuei dando toda a assistência, porque ele tem uma irmã e sobrinha que dão todo apoio e carinho para ele graças a Deus. A irmã também está no coral e essa sobrinha também cuida na parte de medicação. Agora uma coisa que adoro fazer é levar para passear! Agora ele tem WhatsApp,  pois comprei um celular para ele, falamos o dia todo! Minha função é dar condições dele estar no meio das pessoas, de sentir atuante ali, e o Coral tem essa função também, ele estava em outra cidade, deprimido, então ele veio para acrescentar. Minha relação com ele hoje é de irmão mesmo, de cuidados, levo ao médico, mas ele tem todo respaldo da sobrinha principalmente. Trabalhamos juntas e o que precisa estou ali, corro por ele. Virou irmãozinho, ali no coral a gente tem certas adoções, é afilhado de um, padrinho de outro, virou uma família.

 

O Coral está sempre se reciclando, são pessoas que saem, que entram…

Então, a gente sempre fala que “partiu fora do combinado”, quando alguém falece.  Temos um senhor de 96 anos que é a história viva do Coral e toca violão perfeitamente que é o senhor Naldino.  Quando falece alguém é difícil, porque na Igreja, por exemplo,  cada um tem seu lugar, igual na  escola e eles querem sentar naquele lugar, quando tento mudar, ou fazer alguma dinâmica eles até  fazem, mas sempre tem o lugarzinho deles, e ai fica guardado, ninguém senta,  a roupa fica ali, doamos depois para alguém, mas não é fácil.  Perdemos o senhor Tonico da viola, o Joá, então assim os filhos estão lá, o Luiz Carlos que tem a mãe e está lá , o Vinicius –  a avó fazia parte do coral – é uma história, agora tem o Pitt que está lá também.

 

Hoje você ensina música na sua casa?

O que faço hoje em casa é o piano e teclado. São aulas individuais, tenho contato direto com as crianças, então converso, não é só chegar e já vai aprender essa música não. Fazemos trabalhos de relaxamento, conversamos um pouco de como foi o dia, como foi a escola, então a música tem que funcionar como aprendizado literalmente, mas também tem que trazer bem estar para aquela criança se sentir feliz quando estiver tocando, então é isso que nós fazemos.  Minha casa, por ser casa, então dá uma idéia muito boa de acolhimento, então aquela criança está na escola e vai para a academia tem várias pessoas, ali não, é o horário dela se encontrando com um instrumento, está também fazendo atividades lúdicas.  Ao mesmo tempo, ela está com fome, ela sabe se for lá na cozinha da tia Jô, tem alguma bolachinha, balinha, então tem esse carinho, se sentem bem sem extrapolar essa liberdade, acho muito bonito isso, lá tem um balanço que quando estão muito cansados sentam-se  para esperar os pais e até dormem, descansam a cabeça, tenho joguinhos, sem  celular, pois a tendência hoje é o celular, tem jogo da velha, minha intenção é fazer umas amarelinhas, uma brincadeiras lá no quintal, tem bola, para que a criança também brinque de outras coisas e não fique em  tablet e celular. Uma hora que ele está ali, uma hora e meia, porque às vezes a mãe demora buscar, mas está em segurança.

 

 

Quando começou sua história com a música?

Eu comecei com nove anos, fui em uma festinha de aniversário e só eu não sabia tocar piano, porque na época o piano fazia parte da educação. Me lembro direitinho, foi na casa da dona Nair Uemura , eles me perguntaram: por que você não toca piano? Nossa, me senti assim, mesma coisa de não ter um celular com WhatsApp!!!  Cheguei em casa falei para o meu pai que queria aprender piano.  Meus pais eram evangélicos, já era uma alternativa para aprender, comecei ter aulas com a dona Maria Olímpia Machado, que é como minha mãe, tenho contato com ela ainda hoje, tudo que sei devo a ela.  Meu pai era muito inteligente, a lembrança que tenho dele é muito boa,  quando tive problema motor, ele me levou para fazer tratamento, ele sempre teve uma visão que estudar era importante, sempre dizia:  “Você estuda até os 80,  depois pode parar”. Ele começou a estudar com 40 anos, estudou junto com o Braulindo e montou o escritório depois dos 40 anos e minha mãe também sempre firme, então minha família sempre teve essa base boa, sólida.

 

E seu amor pelos animais?

Faço parte de uma associação e a gente vai ajudando como pode!  Tenho dois cachorros adotados, queria adotar uma cachorrinha, da cadeirinha de rodas, mas tenho dois peludinhos ciumentos em casa.  Minha tia faleceu e deixou uma cachorrinha de sete anos, e nessa história ainda reencontrei uma prima que não tinha contato, por parte do meu pai e ela trouxe a Princesa.  Nós nos aproximamos e temos uma amizade imensa.  A princesa é a alegria da casa, eles esperam os meus alunos de música. Quando operei adotei o Thor, que ficava na pracinha da Santa Casa. Falamos que ele é o “Thormento”, porque ele sai as seis e meia, tem uma rotina,  ele segue…. o pessoal que varre rua, passa,  faz o trajeto dele, tem as pessoas que dão ração, pão, agora ele tem uma coleirinha azul e é mais  difícil ganhar uma salsicha empanada que ele gosta, aí ele dá toda a volta e vem para casa. E ele faz cara de coitado, tipo assim: a Jô sai me abandona! Só Deus sabe que ele come bem, dorme bem, tem o cobertorzinho. Tenho esses dois peludinhos ciumentos, e tem também um gatinho preto que aparece somente para jantar. Então, não tem tempo nem para ter depressão, pois eles me dão alegria, quando fico nervosa e os vejo abanando o rabinho de felicidade, me realizo porque não tive filhos, mas as crianças que atendo, tanto no projeto Guri, quanto da APAE trazem um amor incondicional.

 

Olhando para trás, tem boas lembranças?

Ah, sim! Por exemplo, hoje não trabalho mais na APAE, porém o amor permanece. Deus me deu a oportunidade de conhecer as mães e fazer um trabalho bonito, mas tudo no tempo de Deus, começou e terminou o tempo no Guri, na APAE, e voltei as minhas origens. Estou feliz, porque também com a idade você também vai desacelerando um pouco e vai cuidando um mais da sua saúde, do que te faz bem. Resolvi voltar a estudar e seguir o conselho do meu pai.

 

Agradecimento

Agradeço a minha família, aos meus irmãos que tem função de pai, porque eles, em situações muito difíceis, seguraram,  me ajudaram e jamais me abandonaram, então eu acho que devo muito a minha família, também as minhas cunhadas. Há um amor incondicional pelo mais velho, que é o Braulindo, todas as orações do mundo para ele, para que esteja bem com a família, agradeço  a Lita, a Elenice, Joel e Josué, tenho um irmão que partiu, mas tem os meninos e essa questão da família é que dá força e ninguém desiste. A gente vai se apoiando, com todos os problemas que as famílias tem, a gente segue firme. Consigo de vez em quando fazer um almoço, uma vez por mês, em casa, reunir, eles são muito importantes. Agradeço ao pessoal da Casa de Cultura e à sociedade guairense, por acreditar no meu trabalho e carinho.


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