Filhos de pais emocionalmente imaturos: infâncias perdidas

Opinião
Guaíra, 31 de julho de 2018 - 09h29

Por Pâmela Pereira Inomata

“Não há maior necessidade na infância do que sentir a proteção dos pais” – Sigmund Freud

Ninguém pode escolher seus pais. Há quem tenha a sorte de ter progenitores maravilhosos, habilidosos e competentes que lhe permitirão crescer de forma segura, madura e digna. Por outro lado, há quem tenha a infelicidade de ter pais imaturos que determinarão de forma implacável as bases da sua personalidade.

Ser filho de pais emocionalmente imaturos deixa marcas profundas. Tanto que são muitas as crianças que acabam assumindo responsabilidades de adultos e crescem antes da hora ou agem com tirania e infantilidade; forçados por esse vínculo frágil e descuidado que apaga infâncias e arrasa a autoestima.

Algumas crianças assumem o papel dos pais, acabam se responsabilizando por seus irmãos menores, se encarregando das tarefas do lar ou assumindo decisões que não correspondem à idade.

Este último fato, por mais curioso que possa parecer, não fará com que essa criança seja mais corajosa, mais madura nem mais responsável de uma forma que possamos entender como saudável. O que acontece principalmente é criar pessoas que perderam a sua infância.

Uma coisa que todos concordamos é que ter filhos não nos transforma em verdadeiros pais. A maternidade, como a paternidade mais sadia e significativa, é demonstrada estando presente, dando um afeto verdadeiro, enriquecedor e forte para que essa criança seja parte da vida, e não um coração partido e vinculado somente ao medo, às carências e à baixa autoestima.

Uma coisa de que toda criança precisa, muito além do simples alimento e da roupa, é a acessibilidade emocional, madura e segura; onde ter vínculos a ajuda a compreender o mundo e, por sua vez, entender a si mesma. Se isso falha, tudo desmorona e as emoções da criança ficam invalidadas.

Cabe dizer que é importante diferenciar 4 tipos de mães e pais emocionalmente imaturos:

A primeira são os pais e mães com comportamento errante e desigual. São pais muito instáveis emocionalmente, dos que hoje fazem promessas e amanhã não as cumprem, e/ou fazem os filhos sentirem que atrapalham a dinâmica familiar.

Os pais impulsivos, por sua vez, são aqueles que agem sem pensar, que realizam planos sem avaliar as consequências, que vão de erro em erro sem pesar suas atitudes.

A maternidade e a paternidade passiva constituem, sem dúvida, um dos exemplos mais claros de imaturidade. São os que não se envolvem, os que estão presentes, mas ausentes, e os que baseiam sua criação no “deixa acontecer”.

Por fim, também é comum a figura de pais desdenhosos, aqueles que fazem seus filhos sentirem que são um empecilho ou indesejados, os que acham que a educação é o não; além de ser algo de que não querem participar.

As consequências psicológicas que costumam prevalecer nestes casos são tão variadas quanto complexas: solidão emocional, autoexigência, incapacidade de estabelecer relacionamentos sólidos, sentimentos de culpa, contenção emocional, repressão da ira, ansiedade, pensamentos irracionais.

Superar estas feridas por causa de uma infância perdida e de pais imaturos não é tarefa fácil, mas não é impossível. A terapia é muito útil, assim como a aceitação da existência dessa ferida causada pelo abandono ou a negligência. Assim, conseguir que a imaturidade emocional dos pais não os impeça de construir a felicidade presente e futura que não conseguiram ter no passado.


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Pâmela Pereira Inomata

Pâmela Pereira Inomata

Psicóloga | CRP 06 | 103502 – Atendimento de crianças, adolescentes e adultos…

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17 | 3331 2675 – 3331 5644

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