Os juros mais altos do planeta

Opinião
Guaíra, 9 de fevereiro de 2017 - 07h23

 

A anunciada redução da taxa básica de juros da economia de 13,75% para 13% ao ano, anunciada pelo Comitê de Política Monetária no último dia 11 de janeiro – mesmo surpreendendo o mercado –  não tira o Brasil, lamentavelmente, da liderança do ranking mundial dos juros reais, bem acima da segunda colocada (a Rússia), da terceira (a Índia), da quarta (o México) e da quinta (a China).

Campeão absoluto nesse indesejado campeonato, o Brasil é um país no qual o empreendedor é sacrificado e o consumidor penalizado com custos mais elevados em todos os bens e serviços a ele oferecidos.

O Ranking Mundial de Juros Reais é um comparativo entre as taxas praticadas em 40 países do mundo e os classifica conforme as taxas de juros nominais determinadas pelos respectivos bancos centrais e as projeções médias de inflação futura das respectivas autoridades monetárias e institutos de pesquisa econômica.

Novamente o Brasil – mesmo com essa redução de 0,75% – se mantém firme no PRIMEIRO lugar do ranking como o melhor pagador de juros reais do mundo, acima dos maiores pagadores nominais da atualidade, a Argentina e a Venezuela. No ranking, 83% dos países optaram por manter os juros, enquanto 7% optaram pelo corte e nenhum optou pela elevação. Entre 173 países, 78% mantiveram os juros, enquanto 27% optaram pelo corte e 4% elevaram as taxas. Somente um corte de mais 4% retiraria o Brasil dessa deplorável posição. Vale ressaltar que o Ranking Mundial de Juros Reais é uma compilação matemática e estatística e os seus resultados tão somente exprimem a realidade da situação de política monetária e de inflação dos países nele expressos.

Esse novo corte dos juros já era esperado. Economistas avaliam que essa decisão pode ajudar a economia brasileira, vivendo uma piores crises da nossa história, a se recuperar, ainda mais que alguns bancos (a exemplo do Banco do Brasil e do Bradesco) anunciam reduções nos juros cobrados de consumidor e empresas, acompanhando a queda da Selic. Nesses bancos, o juro do rotativo do cartão deve encolher para perto de 11%, reduzindo a taxa anual de 480% (em média) para 250%.

Ainda assim, os juros brasileiros representam um sério obstáculo ao empreendedorismo e colocam o Brasil numa posição extremamente desconfortável se comparada a economias sólidas como a americana e a europeia.

Esse processo de redução de juros, iniciado tão timidamente no final de 2016 (da ordem de 0,25%)   precisa ser acelerado ao ponto de alcançar o patamar de economias como as acima mencionadas.  Os juros cobrados, por exemplo, do cheque especial ou dos cartões de crédito são, seguramente, irreais; não há atividade econômica no país capaz de acompanha-los sem comprometer sua própria estabilidade.


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Welson Gasparini

Welson Gasparini, deputado estadual (PSDB), advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto

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