Umbanda não é macumba!

Opinião
Guaíra, 14 de agosto de 2015 - 11h18

Poderia iniciar este artigo com uma simples pergunta: o que é Umbanda? Mas seria óbvio demais nos dias de hoje, globalizado e com excesso de informação… Portanto, serei objetivo e vou direto à resposta que há muito tempo precisa ser dada: Umbanda não é macumba! Exatamente isto, repito: Umbanda não é macumba. Parafraseando o autor Alexandre Cumino, estudioso do assunto, venho revelar para o público leigo que Umbanda é uma Religião e tem fundamento. Muitos poderiam rotulá-la como uma “seita” mas, vejamos… Segunda a abordagem sociológica a primeira definição de seita foi dada por Max Weber em 1912, em que seita é descrita como “grupos religiosos que se formam para protestar contra elementos de sua religião originária”. Bem, uma vez que a Umbanda nasceu formalmente em 1908, em solo brasileiro, mais especificamente na cidade do Rio de Janeiro, por meio do médium Zélio de Moraes, com toda sua estrutura ritualística própria e egrégora incomuns, distante de desejar “protestar” contra uma ou outra religião pré-existente, jamais poderia ou pode ser confundida com uma simples seita. Outrora, alguns menos informados, também poderiam classificar a Umbanda como um mero “culto”. Ora, segundo a definição do Dicionário Online de Português (www.dicio.com.br), culto é a homenagem prestada ao que é considerado sagrado ou divino; a maneira através da qual uma divindade é adorada. Percebe-se então, que culto está mais ligado a forma, ao jeito, que um ou mais fiéis de determinada religião veneram o divino ou sagrado. Ou seja, o culto é parte de uma religião e não a religião em si.   E o que vem a ser uma religião, então? Segundo a Wikipédia (https://pt.wikipedia.org/wiki) a palavra religião vem do latim religare, literalmente significa religar-se ao divino, é muitas vezes usada como sinônimo de  ou sistema de crença. A maioria das religiões têm comportamentos organizados, incluindo hierarquias clericais, uma definição do que constitui a adesão ou filiação, congregações, reuniões regulares ou serviços para fins de veneração ou adoração de uma divindade ou para a oração, lugares (naturais ou construídos) sagrados para seus praticantes. Enquanto algumas possuem suas escrituras outras se baseiam na oralidade. A prática de uma religião pode também incluir sermões, comemoração das atividades de um deus ou deuses, sacrifícios, festivais, festas, transe, iniciações, serviços funerários, serviços matrimoniais, meditação, música, arte, dança, além de outros aspectos religiosos da cultura humana. Uma vez esclarecidos os conceitos, nota-se que uma crença para ser classificada como religião necessita de diversos elementos que fornecem uma estrutura mínima e certa complexidade responsáveis pela identidade e legitimidade da mesma. E é desta forma que a Umbanda se identifica como uma Religião legítima; pois, em sua real expressão verificam-se todos (talvez até mais alguns) dos aspectos acima mencionados. O culto do umbandista em geral acontece dentro do chamado solo sagrado; um local preparado e construído para tal finalidade, que tradicionalmente, devido a sua história, é conhecido pelo nome de “terreiro”, mas que na verdade, hoje em dia, nada mais é do que um templo (salão ou centro umbandista) consagrado aos Orixás, seres divinos que representam forças e elementos da natureza, cuja origem encontramos no continente africano. Mas o que vem a ser a tal da “macumba”? Será a macumba um feitiço? Ou será magia? Mal-olhado? Desejar mal aos outros? Nada disso… Macumba é tão e somente o nome de um instrumento de percussão, parecido com um tambor pequeno, que era utilizado em alguns cultos e ou festejos realizados pelos negros no passado. Hoje esse termo tem uma conotação pejorativa usada como forma de discriminação e preconceito. Portanto, Umbanda não é macumba! Umbanda é uma religião brasileira, com origem africana e bases cristãs, com uma doutrina própria e independente, que pratica e prega única e exclusivamente o bem. O fundamento mais básico desta religião diz: “Umbanda é manifestação do espírito para a prática da caridade”. Qualquer coisa diferente disto não é Umbanda. Práticas, atendimentos e pseudomanifestações, encontradas por aí a fora, em que não há uma doutrina a ser seguida e nem estrutura e disciplina epistemológica; em locais impróprios e despreparados, carentes de uma tradição religiosa e ou formação sacerdotal adequada; cobranças pecuniárias em troca de orientação ou ajuda espiritual, etc., não fazem parte da religião Umbanda. Pelo contrário, a prejudicam e maculam sua imagem. Estas crendices e seus adeptos se valem da Umbanda para tentar dar alguma legitimidade às suas práticas. Fato este corroborado pela falta de conhecimento e preconceito social. Enfim, a Umbanda como religião, que tem como filosofia de vida o maior mandamento de Cristo: “Amar ao próximo como a si mesmo e Deus acima de todas as coisas”, respeita e reconhece todas as outras religiões existentes, por isso merece o mesmo respeito e reconhecimento. Axé!


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Gustavo C. M. Souza

bacharel em história pela USP e dirigente do Centro Espírita de Umbanda Ogum Sete Espadas Para saber mais: Livro – Umbanda não é macumba, autor Alexandre Cumino, Ed. Madras; Blog – www.ceudeogumseteespadas.blogspot.com; www.facebook.com/jorge.guerreira

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