Psicóloga explica o polêmico o jogo da Baleia Azul

Geral
Guaíra, 19 de abril de 2017 - 09h26

De acordo com Pâmela Inomata, as etapas começam com passos relativamente “leves” e evoluem para cortar as veias externas do pulso, comprometer-se com a data da própria morte, mutilar alguma parte do corpo em formato de baleia e assim por diante

 

Nas últimas semanas, o jogo da baleia azul tem sido noticiado nos meios de comunicação e socialização como um modo de alertar os pais sobre o suicídio. Para abordar mais este assunto no município, a psicóloga Pâmela Pereira Inomata, da Clínica São José, explicou as principais reações dos adolescentes e a atenção que os responsáveis devem dar ao referido assunto.

O jogo, que acontece online (WhatsApp, Facebook, SMS e outros aplicativos e redes sociais) e é composto por 50 desafios (etapas), teve início na Rússia e passou a chamar atenção e preocupar pais e autoridades quando gerou cerca de 130 casos de suicídios no país de origem que, inclusive, apresenta o 14º maior índice de suicídio no mundo.

“Este jogo vem se espalhando rapidamente entre os continentes com o auxílio das redes sociais. Normalmente é controlado por um ‘curador’ que lança desafios de automutilação para os participantes que devem se filmar cumprindo cada uma das etapas”, explica a profissional.

Resumindo em poucas palavras, esse jogo é um tipo de desafio online em que o jogador se compromete a realizar diversas tarefas que, ao final, levariam à sua morte. “E a ideia é justamente essa, transformar o suicídio em um jogo”, diz Pâmela.

De acordo com a psicóloga, o Baleia Azul começa com passos relativamente “leves”, como acordar de madrugada e assistir a vídeos assustadores, e evolui para cortar as veias externas do pulso, colocar como status na rede social “eu sou uma baleia”, comprometer-se com a data da própria morte, mutilar alguma parte do corpo em formato de baleia e assim por diante. “Até que os últimos nove desafios envolvem uma ‘preparação’ para o suicídio, com maratonas de filmes de terror e privação de sono, fechando com o 50º desafio: ‘tire a sua própria vida enquanto grava isso’”, comenta Inomata.

Os “supervisores” deste jogo identificam e se aproximam das vítimas de modo a obter delas o que quiserem, e isso envolve desde favores sexuais até indução a comportamentos altamente danosos. “Eles geralmente se disfarçam de pessoas comuns e são de difícil identificação. Seus alvos geralmente são crianças ou jovens com ‘fragilidade emocional’”, esclarece a profissional, ressaltando o cuidado que os pais devem ter com os adolescentes nesta fase delicada da vida deles, em que sofrem bullying na escola ou entre suas rodas de amigos, o que os leva a serem mais suscetíveis.  “Muitos não sabem exatamente como lidar com esse período do desenvolvimento humano que vem acompanhado de mudanças físicas, emocionais, hormonais e psíquicas.”

“A tentativa de suicídio ou o suicídio é um ato de comunicação de grande sofrimento interno da pessoa. Quem comete um ato desta natureza demonstra bem a dificuldade que tem em comunicar por palavras, passando então, a se comunicar por atos. O suicídio é hoje em dia um grave problema de saúde pública. Trata-se de um gesto consciente de auto aniquilação que revela um mal-estar multidimensional num indivíduo em sofrimento, que encara a morte como a melhor opção”, afirma a psicóloga.

A Organização Mundial de Saúde possui estatísticas que estabelecem que ao redor do mundo inteiro a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio e a cada dois segundos ocorre uma nova tentativa. “Observa-se um grau de intencionalidade crescente à medida que se passa da ideação suicida para desejos, ameaças, tentativas, até o ato consumado. No entanto, estudos apontam que é falsa a ideia de que pessoas que falam em suicídio não chegam ao ato final. Ao contrário, a maioria das pessoas que cometeram suicídio apresentou ameaças verbais ou comportamentos autodestrutivos em algum momento”, declara Pâmela.

DE OLHO

O jogo da Baleia Azul já chegou ao Brasil. Há, pelo menos, dois casos de morte sob investigação policial, em Mato Grosso e na Paraíba. A delegada interina da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) do Rio, Fernanda Fernandes, organiza o rastreamento de redes sociais de pessoas que teriam envolvimento com o crime. Já há, pelo menos, mais dois casos na cidade em investigação. Os responsáveis podem responder por associação criminosa, lesão corporal e tentativa de homicídio.

Segundo Inomata, a questão dos cuidados psicológicos é fundamental quando se trata da questão do suicídio. “As tentativas não devem ser supervalorizadas nem desvalorizadas, sendo necessário entendê-las e acolhê-las verdadeiramente. Como há grande probabilidade do suicídio se concretizar, é recomendável o trabalho de uma equipe multiprofissional e do apoio familiar”, finaliza. A Clínica São José está localizada na Rua 16, nº 605 – Centro. Mais informações: (17)3331-2675 ou (17) 9 9979-0895.



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