Vereadora denuncia crime ambiental em área ao lado do aterro sanitário

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Guaíra, 5 de julho de 2016 - 08h05

A Dra. Bia Junqueira constatou descarte irregular de entulho, lixo doméstico e industrial, dentre eles resíduo de couro altamente tóxico. Polícia Ambiental visitou local e já acionou a prefeitura para tomar providências. Denúncia será encaminhada aos órgãos de proteção

A vereadora Dra. Bia Junqueira verificou material industrial depositado de forma irregular em área administrada pela prefeitura

A vereadora Dra. Bia Junqueira verificou material industrial depositado de forma irregular em área administrada pela prefeitura

Na manhã do último domingo (03), a vereadora Ana Beatriz Coscrato Junqueira (PSDB) verificou denúncia de descarte irregular de lixo em uma área localizada ao lado da aterro sanitário, próximo a antiga Usina de Reciclagem. A primeira informação é que este detrito estaria sendo trazido de outra cidade para Guaíra.

A área, que antes era utilizada pela prefeitura como aterro sanitário, fica às margens da estrada de terra que liga a avenida José Flores à rodovia Assis Chateaubriand, a SP-425. No local, a parlamentar constatou a existência de grande quantidade de lixo doméstico e podas de árvores.

Grande quantidade de resíduo da fabricação de couro foi depositada em área ao lado do aterro sanitário

Grande quantidade de resíduo da fabricação de couro foi depositada em área ao lado do aterro sanitário

“Foi averiguado um verdadeiro lixão a céu aberto em uma área que não é apropriada para este descarte, uma vez não está autorizada por órgãos competentes para esta finalidade, por estar localizada ao lado do aterro sanitário. Além disto, o material encontrava-se entre vegetação e árvores que foram prejudicadas pelo depósito irregular”, declarou a vereadora.

A Dra. Bia Junqueira também verificou a existência de uma grande quantidade de material de origem industrial; restos de couro espalhados por toda a área. Além dos resíduos, também foram encontrados pedaços de couro, inclusive, alguns ensacados em bags.

O que chamou a atenção da parlamentar é que no município não existem empresas que utilizam o couro animal como matéria-prima em suas produções. “Isto leva a crer que este material está vindo de outros municípios, sendo descartado irregularmente neste local. Mas, com certeza, isso já vem acontecendo há mais de ano, tendo em vista a quantidade de retalhos e resíduos de couros que encheriam mais de 20 caminhões. É um material tóxico, que pode contaminar nosso lençol freático e trazer danos à saúde da população”, comentou.

Material é altamente tóxico e pode contaminar lençol freático

Material é altamente tóxico e pode contaminar lençol freático

Diante da evidência clara de um crime ambiental em uma área utilizada pela prefeitura municipal, a vereadora convidou o presidente do Conselho Municipal do Meio Ambiente, Devair Queiroz e o conselheiro Roberson Ribeiro, que estiveram na área e presenciaram o fato, sendo testemunhas da denúncia. Eles se comprometeram a levar o assunto até o conhecimento do CONDEMA.

Ficou confirmado que o material industrial é tóxico, uma vez que no processo de produção do couro são utilizados metais pesados, como o cromo. “Minha preocupação em relação ao descarte deste material é contaminar o lençol freático. Nosso município está em área do aquífero Guarani e não sei quais as proporções de impacto deste crime em nosso meio ambiente”, disse Devair.

Em consulta ao site da empresa Seleta Ambiental, que presta serviços ao município de Guaíra na coleta de lixo, este tipo de resíduo depositado na cidade é considerado Lixo Industrial Classe I (perigoso), gerado em atividades do setor secundário (indústrias), que apresenta riscos à saúde pública ou ao meio ambiente, pois pode ter caráter corrosivo, inflamável, reativo e tóxico.

Ontem (04), a vereadora conversou com o Delegado de Polícia, Dr. Evandro Abraão Nacle, que a orientou a procurar a Polícia Ambiental. Em contato, a mesma deslocou uma de suas viaturas para o município e fez visita ao local acompanhada da parlamentar, confirmando que a situação apresentada trata-se de crime ambiental.

Além de material tóxico foram encontrados entulho e lixo domiciliar no local

 

PREFEITURA FOI INFORMADA

A Polícia Ambiental e a vereadora Dra. Bia Junqueira solicitaram a presença da responsável pelos Serviços Urbanos, Patrícia Paulino Gonçalves e o Diretor de Meio Ambiente, Alaor Pinheiro, para tomarem conhecimento do depósito de material irregular em área administrada pela prefeitura municipal ao lado do aterro sanitário.

De acordo com informações de Patrícia, a área estava sendo utilizada pela prefeitura apenas para o descarte de entulho de construção a pedido da direção do Departamento de Esgoto e Água de Guaíra (DEAGUA) – órgão responsável pela coleta deste material na cidade – e que eles não tinham conhecimento da existência de material de origem industrial na área, em especial os resíduos da produção de couro e de lixo doméstico.

O DEAGUA não possui autorização para depositar entulho de construção no espaço e a vereadora achou estranho o poder público não ter percebido a existência do material tóxico devido à grande quantidade.

A Polícia Ambiental orientou os representantes da prefeitura a fazerem a retirada do produto para um local adequado e tomar providências para que o fato não volte a acontecer, bem como apurar a devida origem do material e quem o depositou na área. O fato também seria comunicado à Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) que é o órgão responsável por este tipo de fiscalização.

 

PROVIDÊNCIAS SERÃO TOMADAS

A vereadora Dra. Bia Junqueira agradeceu a disponibilidade dos representantes da prefeitura, Alaor e Pinheiro e Patrícia Gonçalves, que prontamente atenderam a sua solicitação em prestar esclarecimentos à Polícia Ambiental, mas adiantou que tomará providências para apurar as responsabilidades do poder público em relação ao dano ambiental causado.

 

A parlamentar disse que é preciso investigar a origem do resíduo industrial para chegar a quem praticou o crime. “Pela quantidade de produto depositado, a administração municipal foi, no mínimo, omissa em não denunciar ou fiscalizar. Agora, não podemos admitir que isto aconteça em nossa cidade. Será mais um caso que irei acompanhar de perto, até obtermos respostas. A saúde da nossa população não pode ser colocada em risco desta forma”, expôs.

Bia ainda conseguiu recolher, em meio ao material, algumas anotações, que podem auxiliar na identificação da empresa ou pessoa que fez o depósito irregular no local.



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