O verdadeiro desafio da reta final das eleições

Editorial
Guaíra, 4 de outubro de 2024 - 10h52

Chegamos à reta final de mais um ciclo eleitoral, e o cenário que se desenha é tão familiar quanto inquietante. Promessas se multiplicam, jingles tomam conta das ruas, e as redes sociais fervilham de debates acalorados, muitas vezes polarizados e pouco produtivos. Porém, a reflexão mais profunda que precisamos fazer neste momento vai além da escolha de nomes ou partidos. O verdadeiro desafio é enfrentar a crise estrutural que permeia o sistema político e a forma como nos relacionamos com ele.

O espetáculo eleitoral parece um grande teatro, no qual candidatos assumem papéis que, muitas vezes, não condizem com suas reais intenções ou capacidades. Em vez de discutirmos propostas concretas e viáveis, somos bombardeados com slogans vazios e ataques pessoais. O que deveria ser uma oportunidade para a construção de diálogos ricos e debates sobre o futuro se transforma em um desfile de superficialidades, onde o marketing político tem mais peso que a integridade e o compromisso com o bem comum.

Os eleitores, por sua vez, muitas vezes se veem presos nesse jogo, reféns de campanhas que apelam para o emocional, para o medo ou para a esperança incondicional em soluções mágicas. O voto, que deveria ser o ato mais consciente e estratégico em uma democracia, é muitas vezes guiado por ressentimentos, desinformação ou desconfiança no próprio processo eleitoral. A despolitização e a descrença na política, alimentadas por escândalos de corrupção e promessas não cumpridas, agravam esse cenário e ameaçam enfraquecer ainda mais o tecido democrático.

No entanto, a crise que vivemos não é apenas responsabilidade dos políticos ou dos partidos, mas também de todos nós, cidadãos, que muitas vezes nos limitamos a ser espectadores passivos. É fácil apontar os erros alheios, difícil é assumir nosso papel como agentes ativos da mudança. A política não se resume ao ato de votar de dois em dois anos; ela se constrói diariamente, nas escolhas que fazemos, nos debates que fomentamos, nas iniciativas que apoiamos.

Neste editorial, o convite é claro: em vez de ceder ao desencanto, que abracemos o espírito crítico. Que questionemos as propostas, o passado e o comprometimento dos candidatos. Que nos afastemos da ideia simplista de “salvadores da pátria” e busquemos soluções coletivas, baseadas no diálogo, na transparência e na inclusão de todas as vozes, especialmente as marginalizadas pelo atual sistema.

As eleições de hoje moldarão o país de amanhã, mas é a participação constante de uma sociedade civil organizada, informada e vigilante que realmente define o rumo de uma nação. Portanto, o fim desse processo eleitoral deve ser o início de um engajamento mais sério, responsável e comprometido de todos nós. É hora de ir além da escolha de candidatos e refletir sobre o papel que queremos desempenhar como cidadãos em uma democracia que precisa urgentemente de mais substância e menos espetáculo.


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