Sim, eles trabalham. Sim, eles têm amigos. Sim, eles dançam. Sim, eles estudam. Sim, não tem nada de Excepcional nisso
Amanhã, 21 de março, será comemorado o Dia Mundial da Síndrome de Down, que faz alusão a trissomia do cromossomo 21. Para refletir sobre esse distúrbio genético, que pode afetar qualquer raça, sexo ou etnia, em uma reportagem especial, o leitor acompanhará três pessoas com síndrome de Down atendidos pela APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – de Guaíra.
A diretora técnica da entidade, Carla Bruno, explica o que ocorre durante a divisão celular do embrião. “Em uma célula normal de um ser humano, existem 46 cromossomos divididos em 23 pares, já a pessoa que nasce com Síndrome de Down possui 47 cromossomos”, esclarece.
Carla ainda enfatiza que essa data tem por finalidade dar visibilidade ao tema, reduzindo a origem do preconceito, que é a falta de informação correta. “Em outras palavras, combater o ‘mito’ que teima em transformar uma diferença em um rótulo, em uma sociedade cada vez mais sem tempo, sensibilidade ou paciência para o ‘diferente’, a mudança da abordagem e a estimulação precoce ampliam os horizontes de quem tem a síndrome”, comenta.
Hoje, sabe-se que é possível atingir graus variados de independência e autonomia. Jaqueline Santana Portugal, 23 anos, é um dos exemplos. A dança faz parte do seu dia a dia. As modalidades de balé e jazz são suas preferidas e desde a adolescência exercita a dança no Instituto Oswaldo Ribeiro de Mendonça – IORM e na APAE, através do projeto Engrenagem da Vida. “Adoro dançar, principalmente nas apresentações do final de ano”, conta Jaqueline. E não para por aí, Jaqueline também adora se exercitar na academia e é claro não perde uma aula de Zumba. Recentemente ela fez o curso de cabeleireiro no SOS (Serviços de Obras Sociais) e já começa os primeiros passos profissionais.
Jaqueline também gosta de tecnologia. Nas redes sociais, ela tem página no Facebook e adora postar fotos. Quando o assunto é música, Jaqueline não titubeia e conta que gosta do cantor sertanejo Luan Santana. Fã do astro teen, ela não perdeu a oportunidade de fotografar ao lado do artista durante as vezes que ele realizou show em Guaíra.
Lauren Lisboa de Araujo, 21 anos, é outro exemplo, também é apaixonada por dança. Igualmente aluna do Instituto Oswaldo Ribeiro de Mendonça, pratica as modalidades de balé e jazz. “Aqui encontro vários amigos e me divirto muito quando danço”, conta Lauren.
A veia artística se estende para o curso de teatro e é nos palcos que anseia a profissão. Seu sonho é tornar-se professora de teatro. A música também faz parte da rotina de sua vida. Fã dos Padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo, adora ouvi-los. Falante e expressiva, Lauren não hesita em dizer que adora criança. Um dos seus grandes amores é a sobrinha Milena, com um ano e dez meses, “Adoro minha sobrinha e nos amamos”, declara toda sorridente.
O cativante Paulo Sergio Sacon, 37 anos, trabalhou por anos em um supermercado da cidade e hoje está empregado em uma grande rede de supermercados. O que para muitos pode significar a garantia de direitos, para ele é uma atitude de inclusão social. Alegre e prestativo, Paulinho exerce a função de empacotador e agrada tanto os consumidores e os empregadores pela eficiência. Os colegas de trabalho dizem que é um exemplo a ser seguido e os clientes fazem somente elogios. “Fico feliz em poder trabalhar e principalmente de conhecer pessoas”. Pela sua simpatia é conhecido por todos. Paulinho diz que seu plano futuro é continuar trabalhando e conhecer mais pessoas.
Jaqueline e Lauren são atendidas pela APAE na escola de Educação Especial e Paulinho no programa sócio-assistencial da entidade. A diretora técnica da APAE, Carla Bruno, afirma que não há níveis de comprometimento da síndrome, o que faz ter maiores ou menores habilidades intelectuais é o que será oferecido, com educação especial e atividades que desenvolvam múltiplas inteligências. Para se chegar a uma qualidade de vida é necessário o apoio clínico e, principalmente, familiar, pois a pessoa com síndrome de Down deve ser estimulada ao máximo para descobrir seus talentos.