Agentes de Saúde fazem nota de repúdio às acusações de jornal que apoia prefeito

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Guaíra, 27 de abril de 2016 - 08h02

Em nota, os servidores públicos municipais declaram que não estão em desvio de função, mas sim acumulando funções, já que além de seus cargos, eles também assumem o papel de recepcionistas dentro das unidades

 Sérgio chegou a anunciar reajuste salarial aos agentes de saúde, mas retirou, no mês passado, o adicional de insalubridade dos servidores

Sérgio chegou a anunciar reajuste salarial aos agentes de saúde, mas retirou, no mês passado, o adicional de insalubridade dos servidores

Após se indignarem com graves acusações sem fundamentos, por um jornal semanal que apoia o prefeito Sérgio de Mello, os agentes de saúde que atendem nos PSF’s da cidade escreveram uma nota repudiando as calúnias.

A publicação do veículo de comunicação chegou a ofender os servidores públicos afirmando que eles não fazem o serviço adequadamente, ficando nas Unidades de Saúde ao invés de realizarem as visitas de casa em casa, o que não os obrigaria a receber adicional de insalubridade, cortado pelo prefeito no mês passado. O periódico tentou “defender” Sérgio ao justificar que não haveria necessidade de pagamento do adicional para tais funcionários rebatendo a notícia veiculada no Jornal O Guaíra.

Em nota, os trabalhadores declaram que não estão em desvio de função, mas pelo contrário, estão acumulando funções, já que além de seus cargos, eles também assumem o papel de recepcionistas dentro das unidades.

“É preciso esclarecer, porém, que ainda que fazendo simplesmente ‘visita e anotações’ este profissional  ̶  considerado, dentro da Estratégia de Saúde da Família (ESF), o elo principal entre o cidadão e o Sistema de Saúde do município  ̶  está também exposto a agentes biológicos, pois que suas visitas não são apenas para acompanhar gestantes, hipertensos e diabéticos, ou ainda para verificar se as vacinas das crianças estão em dia, mas também para acompanhar, de uma maneira muito próxima, pessoas acometidas por doenças contagiosas, entre as quais hanseníase e tuberculose”, afirmam.

Os agentes ainda delataram que o referido jornal tentou colocar a população atendida pelos serviços de saúde pública contra os servidores com as declarações de “revolta dos agentes de saúde”.

Abaixo, confira na íntegra a nota de repúdio enviada pelos servidores municipais:

 

O Agente da Saúde, o adicional de Insalubridade e o jornalismo chapa-branca

Vimos, dia desses, entre satisfeitos e estarrecidos, na coluna bastidores do jornaleco chapa-branca Guaíra Popular, informações equivocadas acerca do profissional Agente de Saúde e sobre sua reivindicação pela manutenção do adicional de Insalubridade.

Estarrecidos porque as informações ali presentes demonstram haver naquele veículo de informação uma completa ignorância a respeito do assunto abordado, atestando que o mesmo, na ânsia de lamber a mão de seu dono, sequer procurou se inteirar sobre aquilo a que se propunha a noticiar, nos fazendo acreditar que aquele folhetim, e o jornalista responsável pelo mesmo, se é que exista ali o referido profissional, desconhece ou simplesmente negligencia as boas práticas necessárias ao exercício de sua profissão.

Por outro lado, satisfeitos, não apenas porque aquele veículo de desinformação, ainda que movido pela má fé, reverbera uma de nossas reivindicações, mas, sobretudo, porque ao nos impelir a darmos a resposta necessária nos permite ainda mostrar à sociedade guairense e aos usuários do Sistema de Saúde deste município, pejorativamente chamados de “povão” pelo jornaleco em questão, a verdade dos fatos então veiculados.

Isso posto, passemos então à contestação e ao esclarecimento das imbecilidades ali apresentadas.

A coluna bastidores daquele jornalzinho, que sequer leva qualquer assinatura, afirma, logo nas suas primeiras linhas que “os agentes de saúde querem receber adicional insalubridade porque nos PSFs passam pacientes com diversas doenças”, para em seguida perguntar: “lugar de agente de saúde não é na rua fazendo visita de casa em casa e anotações no máximo?”

Pois então respondemos e esclarecemos. Sim. O lugar do Agente de Saúde é, ou ao menos deveria ser, na rua fazendo visita de casa em casa. É preciso esclarecer, porém, que ainda que fazendo simplesmente “visita e anotações” este profissional  ̶ considerado, dentro da Estratégia de Saúde da Família (ESF), o elo principal entre o cidadão e o Sistema de Saúde do município ̶    está também exposto a agentes biológicos, pois que suas visitas não são apenas para acompanhar gestantes, hipertensos e diabéticos, ou ainda para verificar se as vacinas das crianças estão em dia, mas também para acompanhar, de uma maneira muito próxima, pessoas acometidas por doenças contagiosas, entre as quais hanseníase e tuberculose. Contudo, salientamos que o Agente de Saúde tem também que assumir o papel de Recepcionista dentro das Unidades de Saúde, uma vez que estas ou não contam em seus quadros com este profissional, ou não os tem em número suficiente. É preciso ainda salientar que a despeito do acúmulo de função — que o colunista (pausa para a gargalhada) erroneamente qualifica como desvio — a que é submetido o Agente de Saúde, este não o é devidamente remunerado para tal.

Em outro momento, e não contente com as sandices já proferidas, aquele colunista (nova pausa…), ao disparar sua verborragia contra a “mal informada imprensa marrom”, da qual também faz parte, afirma que o Serviço de Saúde Público de Guaíra, a despeito de uma suposta crise entre esta e os médicos que a servem e da “revolta dos agentes de saúde” funcionou dentro da normalidade.

Ora, tal assertiva comprova que aquele verborrágico colunista desconhece completamente o funcionamento do Serviço de Saúde Pública de nosso município, em que as Unidades da Estratégia de Saúde da Família — porta de entrada à saúde pública municipal —   tem no profissional Agente de Saúde um de seus pilares de sustentação. Portanto, é preciso ter claro que se o sistema funcionou dentro da normalidade é porque os Agentes de Saúde estavam lá, a postos, cumpridores que são de suas responsabilidades ainda que estas não a sejam de fato; e ainda que pouco valorizados. Portanto, a alegada “revolta dos agentes de saúde” nada mais é do que uma afirmação mentirosa que mais nos parece uma tentativa — frustrada — de colocar contra nós, Agentes de Saúde, os usuários dos serviços de saúde de nossa cidade. Por outro lado, e considerando a reação rasteira lançada sobre nós, retrata o desconforto dos donos da caneta para com nossas reivindicações.

Apenas para que tenham claro, comunicamos que não abriremos mão de lutar por aquilo a que julgamos ser nosso direito e, neste caso, especificamente, menos ainda, já que o adicional de Insalubridade nos deixou de ser pago tendo por base um laudo que certamente seria reprovado em qualquer banca de TCC.

Finalmente queremos dizer que, diferentemente do que quer insinuar a ilustração que encabeça a coluna bastidores daquele famigerado “jornal”, nós, Agentes de Saúde, não estamos ou ficamos de pernas pra cima, sobre a mesa, sem nada fazer. Por outro lado, não as arreganhamos, ou as arreganharemos, para quem quer que seja. Outrossim, deixamos claro que não voltaremos a responder àquele jornaleco a qualquer outra matéria que pretenda provocar ou desqualificar o profissional Agente de Saúde, ou qualquer uma de suas reivindicações.

 

Escrito por um simples e “desvalido”, porém orgulhoso e cioso de seus direitos, Agente de Saúde.



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