De acordo com a diretora técnica Carla Bruno, a entidade possui uma previsão de déficit financeiro para esse ano no valor de R$ 700 mil
Desde terça-feira (25), a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Guaíra paralisou suas atividades e não possui previsão para retornar o atendimento. Os funcionários entraram em greve porque estão, desde janeiro, sem receber seus salários.
Além disso, o presidente José Francisco Correa e seu vice Benevenuto Luchiari renunciaram aos cargos e, até o fechamento desta edição, a instituição ainda estava sem um representante, tendo um empresário cotado para o papel.
Segundo a diretora técnica da APAE, Carla Bruno de Melo, o atraso do pagamento deve-se às alterações nas parcerias com o governo municipal, o que acabou deixando a entidade sem repasses de janeiro a abril. “Encerramos 2016 com as contas em dia e com as informações de que seria mantida a subvenção para o próximo ano. Porém, como a antiga gestão não assinou essa subvenção, a prefeitura não pôde transferir o dinheiro neste início de 2017, o que causou todo esse incidente.”
Em abril, o governo municipal assinou a parceria com a APAE, entretanto, não há pagamentos retroativos. Os repasses do Estado para a educação especial da entidade continuam, mas não são alterados há anos e não são suficientes para cobrir as despesas nem mesmo deste setor. “O governo do estado tem a intenção de acabar com este serviço de escola que a APAE realiza. E por esta razão, falta apoio dessa esfera para manter a parceria.”
A profissional explica que os professores estão com os salários em dia, mas, como os outros 80% dos servidores da Associação estão sem receber, entre eles cuidadores, motoristas, auxiliares de limpeza e cozinha, não há como manter as portas abertas. “Não tem como oferecermos aulas se não temos o transporte, para trazer as crianças; os banheiros e salas limpos; a alimentação oferecida. Por este motivo, todos entraram em um consenso de paralisar e fechar, por um período indeterminado, a APAE”, explica a diretora, destacando que, apesar disso, o administrativo continua trabalhando.
SEM PRESIDENTE
De acordo com Carla Bruno, José Francisco Correa e Benevenuto Luckiari tiveram que deixar a presidência devido à falta de tempo para se dedicarem integralmente à entidade. Ela ainda esclareceu que foi uma saída amigável e que toda a diretoria entendeu os motivos de ambos. “Foi apenas uma coincidência que eles tenham deixado a instituição neste período de greve”, completa.
Agora, a APAE conversa com um renomado empresário para que ele assuma o posto, e aguarda uma resposta até a tarde de hoje (28). “Caso tenhamos um retorno positivo deste guairense, iremos divulgar à população. Contamos com esse suporte”, diz.
BUSCANDO SOLUÇÕES
Ainda na terça-feira (25), o prefeito José Eduardo Coscrato Lelis esteve na sede da Associação, em reunião com a diretoria, em busca de alternativas para resolver a situação. Para Carla, o Executivo está oferecendo grande apoio e ela espera que, juntos, eles encontrem soluções para suprir o déficit da APAE. “Estamos em estudo de algumas parcerias e procurando opções que possam sanar os nossos problemas”, pontua.
Atualmente, segundo declarações da diretora técnica, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Guaíra possui uma previsão de déficit financeiro para esse ano no valor de R$ 700 mil.
APOIO DA POPULAÇÃO
Os funcionários da APAE estão angustiados por terem paralisado os serviços às 142 pessoas atendidas, além de seus familiares. Porém, eles estão recebendo o total apoio das famílias. “Estamos pedindo a compreensão de todos, mas a comunidade está sensibilizada com a causa. Nos ligam aqui para demonstrarem o seu apoio e isso nos conforta momentaneamente.”
Carla também ressalta a solidariedade dos guairenses. “Estamos sendo muito bem recompensados pelos cidadãos de Guaíra, sejam com doações, eventos beneficentes, ou através de campanhas.” Agora, a entidade está em busca de fundos para tentar solucionar esta dívida com seus servidores. “Agradecemos imensamente aos nossos colaboradores e informamos aos munícipes que queiram participar dessa corrente do bem de alguma forma, que nos procurem”, finaliza.