Asilo de Guaíra completa 80 anos de história, sucesso e grandes realizações

Em seu octogésimo aniversário, o Centro de Ação Social Nossa Senhora D’Aparecida celebra suas conquistas e os projetos sociais implantados no município, como o Home Care e o Centro Dia. A entidade possui referência nacional por sua qualidade em atendimento de baixo custo

Cidade
Guaíra, 19 de julho de 2018 - 07h36

 

 

 

 

 

 

 

“São 80 anos de muita luta, muitas dificuldades, mas também de muita solidariedade. Guaíra é uma cidade rica, não só no financeiro, mas na alma dessa população solidária, que abraça a causa quando é justa.” Assim iniciou o presidente do Centro de Ação Social Nossa Senhora D’Aparecida, Julio Rodrigues Júnior (Mineiro), em entrevista ao Jornal O Guaíra, para falar deste octogenário do Asilo.

Com a voz embargada, Julio, que está há 28 anos na diretoria da entidade, conta como foram essas décadas de busca pelo melhor da instituição, pelo seu desenvolvimento e pelo cuidado a cada atendido.

Emocionado por diversas vezes, principalmente ao falar sobre o relacionamento e a história de vida dos idosos, o presidente não deixa de enaltecer o trabalho intenso de toda a equipe, dos funcionários, a humanização sempre priorizada em cada atendimento e a colaboração contínua de toda a sociedade guairense.

Confira a entrevista:

Como estão sendo esses 80 anos de vida do Asilo?

São 80 anos de muita luta, muitas dificuldades, mas também de muita solidariedade. Guaíra é uma cidade rica, não só no financeiro, mas na alma dessa população solidária, que abraça a causa quando é justa. Então, tudo isso conseguiu criar um Asilo e, o mais importante, sobreviver até hoje.

Como foi essa sobrevivência?

Minha diretoria está há um terço de vida do Asilo, desempenhando seu papel na dedicação pelo bem da instituição. No começo, como todas as instituições, possuía um atendimento mais simples. O idoso ia para se alimentar, dormir… Graças a Deus o processo foi evoluindo. Nos primeiros 10 anos que trabalhamos no Asilo, ele seria fechado em 1996, seria interditado e montamos uma diretoria de emergência, entrando em janeiro de 97. Com 31 pontos da vigilância sanitária do Estado de São Paulo, tivemos que atender à exigência de trocar a caixa d´água, porque a que tinha não dava vasão e era um chuveiro para todos tomarem banho.

Trabalhamos os primeiros 10 anos focados na infraestrutura, trocando o piso, abrindo alas e expandindo a estrutura física. De lá pra cá, nos últimos 12 anos, conseguimos melhorar e muito o atendimento multidisciplinar. Então, hoje, nós temos fisioterapia, terapia ocupacional… não adianta só alimentar-se bem, o dia demora a passar se ficar sozinho, então temos assistente social, fisioterapeuta, nutricionista, entre outros, para cuidar de cada exigência do idosos.

Nós investimentos 10 anos com o apoio principal da população, fazendo campanhas para arrecadação de fundos, como as edições do Domingo Legal, ou até mesmo o Leilão Solidário, o show de Prêmios… Toda campanha nossa temos ao poio total da imprensa e da comunidade, por isso nós sobrevivemos. Porque, atualmente, em nosso orçamento de R$1.2 milhão ao ano, somente R$ 400 mil vem do poder público; é muito pouco. O restante são campanhas, parte da aposentadoria dos idosos – que podemos reter 70% – mas essencialmente ações solidárias, e aquelas mais simples, que arrecada fraldas, aquele agricultor que doa um saco de ração, o apoio das usinas…

Vocês sempre recebem doações da comunidade?

Sempre, senão não sobreviveríamos. Alimentos, fraldas, financeiro… Graças a Deus a cada dia temos uma surpresa positiva. Esses dias atrás, uma pessoa fez aniversário de 100 anos e pediu como presente ao seus convidados fraldas para o Asilo. Ela encheu o nosso estoque! Nós tivemos outro aniversario, que a cidadã fez 90 anos e passou de R$ 15 mil doados, que inclusive foi publicado no jornal. Depois da matéria publicada recebemos mais 800 reais!

Isso é o que fortalece a gente, porque é uma caminhada muito difícil. Hoje, o poder público te ajuda muito pouco e exige muito; muita burocracia.

O que você tem a dizer dessa equipe do Centro de Ação?

São 50 atendimentos no Asilo, sendo 38 moradores e 13 Centro Dia, além dos nove no Home Care. Somos uma ILPI – Instituição de Longa Permanência para Idosos e oferecemos serviços de saúde 24 horas, seis refeições diárias, com cardápio balanceado preparado de acordo com a necessidade nutricional e preferência dos moradores. Nosso trabalho é pautado pela humanização no cuidado, respeitando a individualidade do idoso, através de ações que focam na diversidade do grupo, estimulando uma convivência e ambiência saudável.

A equipe de trabalho é formada por Gerente, Assistente Social, Enfermeiro, Enfermagem, Psicóloga, Nutricionista, Artesã, Cuidadores, Fisioterapeuta, Terapeuta Ocupacional, Equipe Administrativo, Equipe de Limpeza e Equipe de Cozinha – todos treinados para oferecer um atendimento adequado e especializado às necessidades de cada morador.

Uma equipe completa, muito competente, muito comprometida com tudo o que faz. Temos um atendimento especial, todos os idosos são muito bem cuidados. Para você ter uma noção, não temos nenhum atendido com escaras. Nós trocamos turno, como a Santa Casa. Isso demanda profissional capacitado e comprometido. São, atualmente, 41 funcionários, todos CLT, registrados em carteira. Somos uma equipe que trabalha 24h por dia em 365 dias do ano. Não temos “férias”. O Asilo nunca fechou suas portas. E isso exige qualidade de mão de obra.

Quem são os atendidos mais antigos do Asilo?

Acredito que todos conhecem a Alzira, o “cartão postal” do Centro de Ação Social. Ela está conosco há 40 anos! Está com 90 anos de idade. Temos também o Rubão, há mais de 20 anos acamado, bem cuidado pela nossa equipe, sem nenhuma escara; entre outros grandes personagens dessa história, muito conhecidos na cidade, como o Zezão, que todos sabiam que ele adorava dar uma “escapadinha” pela cidade; ou a Maria Helena, nosso símbolo também, muito marcante em nossos dias [emocionado].

Conte um pouco sobre os projetos sociais colocados em prática atualmente?

Temos o Serviço Centro Dia, em parceria com a prefeitura, ao qual atendemos 13 idosos, que frequentam a entidade de segunda à sexta-feira, das 08h às 17h, participando das mesmas atividades dos moradores. O projeto está em funcionamento há um ano e traz excelentes resultados, tanto na melhora da condição de vida do idoso, quanto na sua relação com a família e comunidade. Lá ele tem atenção, ele tem interação social, ele tem qualidade de vida.

E temos também o “Home Care”, muito divulgado pelo Jornal O Guaíra, inclusive, que tem como intuito ampliar o atendimento e oferecer novas alternativas aos idosos e suas famílias. Neste ano, ele recebe o financiamento do Programa Voluntários Banco do Brasil e atende 10 idosos oferecendo atenção socioassistencial e de saúde, sendo uma extensão do trabalho da entidade.

Mudando a conversa para um lado mais pessoal, o que esses 28 anos de instituição trouxeram para o seu crescimento?

Isso mudou minha vida [emocionado]. Você, vivendo as dificuldades das pessoas, se fortalece e muda o seu jeito de ver tudo ao seu redor. Você passa a dar valor nas coisas mais simples, passa a acreditar mais; te faz viver melhor. Modifica o seu jeito de ver o mundo. Isso é muito positivo.

Como diretor, temos que ter um olhar prático e ver a instituição como empresa, mas você não consegue; você se envolve. Então, você conhece a história de cada um; vive a história de cada um, desde aquela pessoa que a polícia precisou interditar e “despejar” na porta do Asilo, até mesmo aquela que passa somente o dia na instituição. Você tem que ser um gestor de uma empresa privada, mas você não consegue não se envolver.

Saber que cada atendido está sendo bem cuidado, é receber a gratificação de que está salvando uma vida. Não tem preço. Nada paga esse sentimento.

Qual a necessidade atual do Asilo?

Temos, atualmente, um déficit mensal de R$ 30 mil. Mas hoje pedimos que a sociedade continue ajudando e visitando o Asilo e o país no geral, o poder público, precisa ter um olhar diferenciado à população idosa. As políticas públicas não estão direcionando seu olhar para os idosos. Agradecemos à população e pedimos um olhar mais detalhado do governo.

Todos estão convidados a visitar a entidade?

Estamos abertos a todos de bom coração que queiram conhecer e visitar os atendidos. Precisamos de pessoas que mudem a nossa dinâmica. Temos voluntários que fazem festa lá dentro para oferecer o aniversário aos idosos. Temos cabeleireiros, manicures, muitos profissionais que quebram a rotina e contribuem com a qualidade de vida dos idosos. A população de Guaíra é maravilhosa! Fazemos mágica com o pouco financeiro que temos graças à comunidade guairense, que colaborou para obtermos a classificação de referência nacional.

Qual é o desejo desse aniversário de 80 anos?

É muita felicidade ver o Asilo como está. Pedimos para que o Asilo consiga viver por muitos e muitos anos com qualidade, aprimorando atendimento, fortalecendo as parcerias, aumentando a capacidade, sempre priorizando os atendidos dentro da nossa realidade. Desejamos muita saúde e muita paz ao nossos idosos, à nossa equipe, nossos guerreiros e que tenhamos muitos aniversários.


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