Câmara não aprova mudanças de diretrizes na doação de terreno para empresa SóFruta

Câmara não aprova mudanças de diretrizes na doação de terreno para empresa SóFruta

Política
Guaíra, 3 de maio de 2020 - 10h19

Um projeto votado na última sessão da Câmara Municipal de Guaíra, realizada na terça-feira, 28 de abril, causou polêmica ao ser rejeitado por 4 votos a 7 entre os parlamentares. Para ser aprovado, precisaria de maioria absoluta (8 favoráveis).

No documento, de nº 26/2020, seriam alteradas algumas diretrizes da Lei complementar 2.931 de outubro de 2019, em que foi doada uma área à empresa Só Fruta, para a implantação de uma nova indústria destinada à fabricação de embalagem. O projeto de autoria do poder executivo apresentava novas estratégias para a implantação do Parque Industrial, no sentido de permitir que na área já doada fosse utilizada à instalação de um pátio para que os caminhões e veículos pesados aguardem carga e descarga dentro da empresa, e a construção de depósito de resíduos de queima (lenha, bagaço e cana) para geração de vapor, de uma sede administrativa e refeitório para os colaboradores das empresas Só Fruta e Amcor Bemis.

Como as mudanças alterariam o número de empregos oferecidos para a população, de 180 para 100 e a construção no espaço doado passaria de uma indústria para outros fins, quatro vereadores votaram contra –Ana Beatriz Coscrato Junqueira, José Mendonça, Maria Adriana Gomes e Moacir João Gregório.

Segundo a prefeitura, a readequação do projeto era necessária, porque a empresa de embalagem já está instalada no município no Parque fabril da Só Frutas e já iniciou as suas atividades, inclusive ofertando postos de emprego.  “Com a modificação do objeto para a ampliação da infraestrutura na nova área doada, se criaria oferta de emprego na construção civil, além dos empregos diretos de 100 novas vagas e no setor agrícola.  O pedido de mudança de 180 empregos para a geração de 100 postos de trabalho é que com a implantação da empresa de embalagem no município teve a expansão  de vagas de emprego, cumprindo as exigências impostas no projeto inicial, sendo apenas um ajuste. Uma análise de crescimento da empresa em Guaíra em uma década de atividade deixa claro que a expansão de vagas de empregos será superior a 180” afirma o governo municipal.

Implantada em 2010, a Só Fruta triplicou o número de empregos diretos, a perspectiva era a empregabilidade de 300 vagas inicialmente, hoje são cerca 1000 postos de empregos diretos que movimentam a economia local. O terreno doado já foi pago pelo Poder Executivo e está aguardando a avaliação do Poder Judiciário  para que a doação  seja definitiva  e  lavrada a escritura.

Para o prefeito José Eduardo, a mudança do objeto na área doada à Só Fruta seria um passo para o desenvolvimento econômico do município. “Em um momento de dificuldades ao qual estamos passando, devido à Pandemia do COVID-19, em que está prevista uma enorme recessão econômica, precisamos investir na geração de emprego. Hoje, cada vaga de emprego é importante. Nossa prerrogativa é buscar oportunidades, e a perspectiva da Só Fruta e Amcor Bimes é de abrir novos postos de trabalho para a família guairense, o que  fortalecerá   a economia e o desenvolvimento de Guaíra”, frisou.

Segundo a administração pública, há contato com novos investidores para o município, mas a grande preocupação são os conflitos políticos. “Temos recebidos propostas de instalação de novas empresas em Guaíra, mas esses conflitos políticos podem inibir e afastar investidores que pretendem constituir empresas aqui, o que  fortaleceria  a geração de emprego e renda à população”, pontuou o prefeito.

POSICIONAMENTO DOS VEREADORES

Para esclarecer a decisão de cada parlamentar, o Jornal O Guaíra expõe abaixo as declarações daqueles que se manifestaram. Confira:

Jose Reginaldo Moretti – “Preciso esclarecer à população que sempre votei a favor do emprego. Quando essa empresa veio para Guaíra, votei a favor da doação do terreno do antigo CEPAR para a empresa Predilecta que agora é a Só Fruta e hoje ela está aí, gerando empregos à população, cumprindo todos os seus compromissos de implantação com o município. No ano passado, votei a favor da doação do terreno para implantação desta empresa de embalagens. Agora, foi proposta uma modificação que geraria mais espaço para ampliação da área industrial e com geração de 100 empregos para os guairenses, o que na minha visão irá beneficiar mais 100 famílias de nossa cidade que terão uma nova renda. Temos que considerar que hoje o mundo vive um período de recessão por conta desta pandemia e não podemos retroceder quando o assunto é geração de emprego e receitas para o nosso município. Respeito o voto dos vereadores que rejeitaram o projeto, mas como cidadão guairense tenho que lamentar, uma vez que devemos sim acreditar em uma empresa que já está em Guaíra, é idônea e acredita no potencial de nosso município.”

Edvaldo Morais – “A gente já tinha votado no começo do ano, mas devido à burocracia, as coisas não concretizaram a doação do terreno por parte da prefeitura. O projeto iria alterar a lei, devido a situação da empresa Bemis estar dentro da Só Fruta, o que ficou inviável as operações da Predilecta, que precisa expandir, aumentar, precisa tirar os caminhões da beira do asfalto para carregamento. Precisa tirar milhões de tambores de latas de extrato de tomate, que já não cabem mais dentro da indústria e ampliar, não só a Bemis mas a Só Fruta também, para gerar mais empregos. A Bemis já está gerando 50 empregos na cidade. Mas precisava se expandir e essa área foi desapropriada para a empresa, mas quatro vereadores impediram esse sonho. Num período de pandemia, uma empresa querer aumentar a quantidade de emprego, de plantação, trazer mais indústria, e a câmara travou. Acredito que da forma que ficou a empresa não assumirá o terreno e com isso Guaíra perde. Uma indústria que só esse ano vai gerar mais de uma milhão só de ICMS para o cidade.”

Dra. Bia Junqueira – “O projeto foi levado à votação, com pedido de urgência dos vereadores de situação. A doação inicial só não concretizou porque a empresa Só Fruta queria, desde o início, mudar a destinação da área e reduzir empregos. Após a aprovação da lei inicial em outubro do ano passado, deram entrada no cartório de notas em dezembro e até agora a empresa não assinou, porque queria mudar. Aliás, quando veio para nós da primeira vez, já podia lavrar escritura, independente de processo de desapropriação em andamento, porque o que se discute na justiça são valores, a posse já tinha sido dada para a prefeitura, senão não poderia ter vindo para a Câmara. O vereador Edvaldo faltou com a verdade nesse ponto, porque o processo não interfere na lavratura da escritura. A Bemis (empresa de embalagens) está dentro da Predilecta funcionando desde o ano passado numa área de 900 m² e a área doada foi de 49 mil m².Caminhões na beira do asfalto é a empresa que tem que resolver, a empresa é privada, é de responsabilidade dela e não do poder público ou do povo.Diferente do que o vereador Edvaldo disse, votamos contra o projeto e não impedimos nenhum sonho que vá de encontro com os anseios do povo, porque a empresa continua obrigada a gerar 180 empregos para ficar com a área. Quantos empregos geram esse estacionamento e depósito? Como o próprio vereador Edvaldo disse, uma empresa que está estabilizada, que vende para vários países, com R$ 40 milhões de capital social, entre outros, por que não compra uma área para estacionamento? Por que o povo tem que doar essa área para essa finalidade?” 

Dr. Cecílio – “Acredito e aceito a opinião divergente de cada um. Não foi possível fazer a doação para a empresa Só Fruta, mas, enfim, acredito que hoje nós perdemos a oportunidade de manter esse grupo de empresários investindo na cidade. Vai muito além dos 100 empregos prometidos. Só quero que alguém me dê o nome de qual outra empresa que se interessou em vir para Guaíra nos últimos 10 anos? Quero que me respondam qual empresa que hoje está investindo em aumento de um funcionário dentro do município de Guaíra?”

Vereador Moacir João Gregório – “Devo satisfação à minha comunidade sobre a decisão de votar contra. Como todos sabem, em 2009, a prefeitura fez a doação de uma área para a empresa Predilecta. O terreno onde estava o CEPAR foi doado sem custos, somente com a exigência de geração de empregos. Em outubro de 2019, votei a favor do projeto de lei autorizando a doação. Em abril de 2020, o prefeito encaminhou para a Câmara um projeto modificando esta doação do terreno.Com minha responsabilidade de zelar pelos interesses do cidadão, não poderia aceitar que um projeto desta natureza, que diminuiu exigência de geração de empregos de uma empresa que recebe de doação um patrimônio público (que custou R$ 600 mil à prefeitura) e a destinação da área para um estacionamento de veículos, ou seja, não seria uma nova empresa como prometeram.O prefeito precisa começar a colocar o interesse público em primeiro lugar. Votamos contra este projeto, o que não muda nada aquele aprovado em 2019, podendo sim a empresa Só Fruta Alimentos instalar uma nova empresa nesta área com exigência de 180 empregos e não 100 como prefeito queria. Basta querer e acreditar em nosso município e principalmente na força para o trabalho que tem o nosso povo.”

Maria Adriana – “É preciso deixar claro que não votamos contra a geração de emprego como vereadores do lado do prefeito estão tentando mostrar para a população. Votamos para manter a exigência de 180, como ficou definido no projeto que aprovamos em 2019. Em 2009, gestão do mesmo grupo político que hoje governa Guaíra, esta mesma empresa já recebeu um patrimônio do município que foi a área do antigo CEPAR e agora a atual administração quer fazer uma nova doação, com poucas exigências e com destinação que não é mais a instalação de uma nova empresa, inclusive com diminuição do número de empregos exigidos.É o dinheiro dos nossos impostos sendo direcionado para beneficiar uma única empresa que já recebeu apoio para sua instalação e que nestas condições deveria andar com suas próprias pernas, retornando ao município o que lhe foi doado.Desde o início do meu mandato sempre votei a favor do lado certo, ou seja, da população!”

Jorge Domingos Talarico, vereador do PSDB – “Em 2019, nós votamos um projeto para doação desta área que vinha para coroar uma parceria sólida entre o município e esta empresa. Na última terça-feira, um projeto que previa alguns ajustes foi rejeitado por quatro vereadores. Respeito a votação dos vereadores e seus argumentos, mas tenho que manifestar que o período em que estamos vivendo não é momento de darmos as costas para investimentos de empresas nos município, muito menos para a possibilidade de geração de 100 empregos, que todos sabem influenciam diretamente na qualidade de vida dos cidadãos. A Só Fruta vem ao longo dos anos honrando seus compromissos com o nosso município e é uma das engrenagens de nossa economia. Não é momento de politizar um assunto tão sério que é a economia de nossa cidade. Sempre defendi o bom diálogo, o debate democrático e neste projeto não houve nenhuma tentativa por parte de quem votou contra em abrir uma possibilidade para ajustamento. O que houve foi uma votação contrária que modificou os rumos de um projeto que teve como principal objetivo o fortalecimento da nossa economia, a expansão de uma empresa e a sua consequente geração de emprego e renda para as nossas famílias guairenses.”

José Reinaldo Dos Santos Junior – “Diante de tantas opiniões desencontradas, é preciso dar luz aos fatos.Preciso esclarecer que esta segunda doação de área para a empresa Só Fruta Alimentos foi aprovada pela Câmara por unanimidade em 2019. O que votamos na última terça-feira foi apenas uma alteração, mas com o mesmo propósito, que é fortalecimento da nossa economia e a geração de empregos. Como não acreditar em uma empresa que em 2009 assumiu um compromisso com a cidade e cumpriu com suas obrigações e até ultrapassou o que acordo com a municipalidade? Acredito muito no fortalecimento que a expansão irá proporcionar e assim como ocorreu de 2009 para cá, esta geração vai ser muito maior. Eu respeito a votação dos quatro vereadores que rejeitaram o projeto, mas preciso enfatizar que não é momento de politizar uma discussão tão importante que trata da vida de centenas de pessoas que estão à procura de uma vaga de emprego para melhorar a renda da família. É hora de responsabilidade, de pensar no futuro, de agir com coerência e com uma visão para a crise que o país está vivendo e não podemos perder oportunidade de gerar renda para a comunidade. Aqueles que pensam no quanto pior melhor, em seus projetos políticos, colocam os interesses da coletividade em segundo plano. Mas tenho fé e esperança que esta atitude impensada não irá interferir na boa relação entra esta empresa e o município.”

José Mendonça – “Praticamente seis meses após a primeira aprovação, o prefeito encaminha para a Câmara com pedido de urgência um projeto de lei modificando as cláusulas da doação. É uma grande falta de planejamento da atual administração e principalmente respeito com a Câmara Municipal. Eu não poderia concordar, uma vez que tenho que defender o interesse público e coletivo, já que para desapropriar esta área foi utilizado recurso da prefeitura que pertence ao povo guairense. Eu votei contra porque defendo os direitos dos cidadãos. Não posso ser omisso e muito menos concordar que uma área deste tamanho não tenha outra finalidade a não ser gerar novos empregos para a nossa população.”

Caio Augusto – “Votarei a favor toda vez que uma empresa como a Só fruta vier aqui para expandir sua área. Na época de crise, uma empresa se comprometer a dar 100 empregos, 100 famílias que terão arroz, feijão e comidaem suas casas… Quem sabe nessa oportunidade, com a expansão, eles não poderiam gerar mais empregos?”

Rafael Talarico– “Não são 100 empregos, são 100 famílias que dependem disso. Está lá o estacionamento hoje, mas futuramente a empresa pode crescer. Que futuramente, quem sabe, se aprove esse projeto de novo e essa empresa possa construir.”


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