Capitão da PM encoraja vítimas a denunciarem casos de assédio sexual

André Luiz Hannickel, também comandante da 4ª CIA da Polícia Militar de Guaíra, ressaltou a importância de provas para denunciar o agressor

Cidade
Guaíra, 28 de março de 2019 - 10h47


Insegurança, terror e baixa autoestima são apenas alguns dos sentimentos que uma vítima de assédio sexual sente. No Brasil, de acordo com o Datafolha, cerca de 86% das mulheres já sofreram com este tipo de situação, porém, mesmo que em menor proporção, este fato também ocorre com homens, pois a cada 100 vítimas, 10 são contra o sexo masculino.

Em entrevista ao Jornal O Guaíra, o capitão e comandante da 4ª Cia da Polícia Militar de Guaíra, André Luiz Hannickel destacou que, apesar do desconhecimento de muitas pessoas, desde o ano de 2001, foi catalogado no código penal junto aos crimes sexuais o artigo 216 A, o qual se refere aos casos de assédio sexual, garantindo a prisão do agressor com a pena máxima de dois anos.

Hannickel ainda demonstrou quais são as situações que se encaixam neste tipo de crime. ”Para caracterizar esse crime, a vítima deve estar em uma posição vulnerável. Deve haver uma relação laboral, de trabalho, de superioridade, vamos dizer assim, hierárquica de poder, subordinação. Então, ele irá ocorrer apenas no ambiente de trabalho, em uma empresa, por exemplo, no qual o gerente dá em cima de um funcionário, e este fica com medo de ser rebaixado de cargo, transferido e até ser mandado embora e acaba não denunciando.”

Entretanto, o capitão da PM encoraja as vítimas a denunciarem o fato, tanto para que não ocorra novamente quanto garantir sua integridade física e moral. Mas, para isso, são necessárias provas do ocorrido. ”O importante é que essas pessoas não se calem, que criem provas do assédio, através de troca de mensagens, filmagens, testemunhas, entre outras, pois o agressor poderá ser preso e dependendo da gravidade ficará recluso até dois anos”.

Constrangimento

De acordo com a psicóloga Dayara Cardoso, o assédio sexual é um termo amplo que inclui situações como qualquer tipo de toque não desejado com conotação sexual, constrangimentos e ameaças com a finalidade de obter favores sexuais feitas por alguém de posição superior à vítima ou até mesmo atitudes.

Para ela, infelizmente, muitas pessoas ficam em silêncio pelo pouco amparo, medo e vergonha. ”Os indícios de que uma pessoa sofreu abuso ou assédio, na maioria das vezes, é a mudança brusca de comportamento; como ela manifesta suas atitudes diários e se há alguma modificação repentina daquilo que ela fazia ou se mostrava nos ambientes e nos relacionamentos que frequenta” conta Dayara.

Dayara esclarece que esses casos afetam emocionalmente a vítima, que muitas vezes acaba se culpando e não toma providências. Pelo outro lado, a psicóloga expõe que, geralmente, o agressor sofre de algum transtorno mental. ”Na maioria das vezes é uma pessoa muito próxima da vítima, o que é preocupante. Caracterizam-se principalmente por ações mais sutis e discretas.”

A profissional orienta aqueles que passam ou passaram por este tipo de trauma. ”A mensagem que eu gostaria de deixar é que prestem a atenção aos comportamentos de seus colegas de trabalho, amigos ou familiares, ou até mesmo se você estiver em uma situação de risco, que se encoraje a buscar ajuda, seja com o responsável da empresa onde trabalha, familiares, amigos ou até mesmo uma medida protetiva.”



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