Se estivesse vivo, Antonio Dias de Freitas teria completado na última sexta-feira, 100 anos de idade.
Ele nasceu no dia 11 de março de 1916, em Guaíra, na fazenda Sucuri, de propriedade de seus pais, que aqui se estabeleceram no início do século passado, durante o período da grande afluência de famílias oriundas de distintas localidades do nordeste paulista para as terras do que viria se constituir o atual município de Guaíra. Eram eles provenientes de Carmo da Franca (atual Ituverava) e membros da família Barbosa de Sandoval, pioneira e tradicional família daquela cidade e do município de Franca, bem como dos Freitas, de Miguelópolis.
Aprendeu as primeiras letras com professor contratado para ensinar as crianças e jovens residentes nas propriedades rurais localizadas na região norte do município, sendo que esse educador era bastante severo e, muitas vezes, aplicava a palmatória em seus alunos.
Em toda sua juventude, Antonio trabalhou ao lado dos irmãos no trato, carpa e colheita do cafezal de seu pai, bem como na lida do gado crioulo que predominava nas fazendas de Guaíra, naqueles tempos antigos, em que os próprios proprietários rurais, seus filhos e agregados se empenhavam no processo de cultivo do solo e na criação de bovinos.
Aos 23 anos casou-se com Nair Alves de Freitas e desse leito nasceram os filhos Sebastião, Anália e Ercílio.
Já naquela época abriu terras para o plantio de cereais, em Guaíra, sendo que para o estabelecimento dessas culturas anuais, necessário se fazia derrubar o cerrado com o machado, arrancar tocos e raízes, empilhá-los e queimá-los e posteriormente revirar o solo, utilizando arado, puxado com juntas de bois.
Em 1951, mudou-se com a esposa e os filhos para a cidade, estabelecendo no comércio de secos e molhados, e passando, anos mais tarde, para o ramo de materiais para construção. Sendo que, paralelamente a essa atividade, continuou a dedicar-se também à agricultura, aqui no município.
No final da década de 1970 adquiriu uma propriedade rural em Montividiu, no estado de Goiás e posteriormente em Ipameri, no sudeste goiano, tendo participado junto a muitos outros heróis anônimos brasileiros do processo de desbravamento do Centro-Oeste, que se tornou em pouco mais de duas décadas, a principal região produtora do país. Por essa época, toda soja colhida na fazenda do Sr. Antonio era transportada em caminhões para Guaíra, a 430 km de distância, uma vez que ainda não havia silos para armazenagem de grãos nos municípios próximos à sua fazenda.
Em 1997, aos 81 anos de idade, faleceu em um acidente automobilístico, ao lado do amigo Francisco Antônio Barbosa do Prado, o Chico Tomé, quando se dirigia à fazenda, em Goiás, após toda uma vida dedicada ao trabalho, dando sua parcela de contribuição ao país, através da agricultura, e deixando aos seus descendentes e à verdadeira legião de amigos que possuía, um grande exemplo de honestidade, honradez e de enorme esperança pelo Brasil.