Os artigos de opinião, como este, diferenciam-se das reportagens e matérias jornalísticas. A depender do seu gênero ou do estilo do autor, eles se aproximam mais da ficção ou da realidade. Não possuem compromisso em esgotar todas as informações ou ângulos para serem publicados. Neste sentido, entre a ficção e a realidade, encontra-se o campo da especulação com mais ou menos consistência.
Em 19 de dezembro de 2020, era publicado o artigo “O próximo prefeito interino”, de minha autoria. Nele eu resgatei outros períodos de interinidade, quando do falecimento dos ex-prefeitos Minininho e Dr Orlando, explorei o debate da comoção dos velhos tempos versus indignação dos tempos atuais e dava como certo um novo governo interino (após a breve passagem do José Reinaldo dos Santos Júnior pela Prefeitura) e uma nova eleição em 2021.
Naquele momento, fui otimista ao acreditar que as circunstâncias mobilizariam a indignação da população. Hoje está mais evidente que o cenário caminha para a indiferença política. Tanto pior ou mais desafiante para os políticos! Este cenário é preocupante tanto para a situação como para a oposição. A indiferença não facilita a ida até as urnas e é bom lembrar o alto índice de abstenção na eleição de 2020.
Era um artigo de opinião, de caráter especulativo, já que era difícil para os órgãos de comunicação afirmar o que aconteceria sem o resultado dos recursos judiciais e que caminhou para o cenário da nossa realidade atual, quando confirmado o novo processo eleitoral – a Eleição Suplementar – para o próximo 3 de outubro. Um ciclo de especulações e de vitimismo que se fecha.
Fico feliz de ter participado deste processo no polo do esclarecimento. Em dezembro de 2020, mais precisamente dia 13, foi criado um grupo de Whatsapp para acompanhar a situação eleitoral com informações diversas. Um grupo funcional que confiava na decisão da Justiça Eleitoral local, através do juiz Dr. Anderson Valente, e com prazo para ser finalizado: o anúncio de nova eleição. Pensávamos, de início, que era questão de dias e se passaram quase nove meses.
O grupo contou com a colaboração do advogado Dr Jailton Rodrigues. Ainda que seu apoio pudesse ser questionado como tendencioso, não se verificou isto nas confirmações que foram se sucedendo ao longo do tempo. Existem advogados que esclarecem e os advogados que iludem. Tivemos a sorte de contar com a hombridade de um profissional do Direito com habilidade de traduzir ao público leigo o que era de interesse dos eleitores guairenses e não apenas falar o que o cliente quer ouvir ou transmitir ao seu eleitorado.
O discurso do golpe esvaziou-se gradativamente, no entanto, isto não é o suficiente, não basta! De fato é preciso reconhecer que foi uma questão mínima – ou não tão expressiva, como preferem alguns – que levou a cassação da candidatura da chapa, mas não menos importante, porque fere a legislação eleitoral.
Foi mínima ou pequena a questão, porque a compra de voto, infelizmente, é ainda o maior câncer de um processo eleitoral. Os envolvidos não denunciam porque muitas vezes não se enxergam envolvidos nesta prática, já que a cultura do favor é forte e acompanhada materializada em cestas básicas, promessas de empregos ou o próprio dinheiro em espécie. Dentro ou fora do serviço público.
Mais que uma mera chance ou oportunidade da oposição vencer a situação, o processo eleitoral 2021 precisa ser entendido como o momento de nova chance ou oportunidade para a população cumprir seu dever de cidadania. O tempo será curto, mas um mínimo de reflexão é preciso. Afinal, quem tudo faz para chegar ou se manter no poder, nada fará para o povo. Infelizmente, é simples assim!