Mundo comum e zona de conforto
Arnaldo Antunes e Frejat tem uma canção intitulada Eu Tô Feliz. Nela, a personagem vive um momento especial, de felicidade, mas, de um modo geral, não é assim (Aproveite a minha companhia / Porque não é todo dia / Eu tô feliz, mas eu não sou feliz).
Veja que eles falam de um momento único, diferente do normal. Embora infeliz, vive uma outra forma de experiência. Dentro dessa perspectiva, também podemos viver de uma forma inversa: sermos felizes, embora possamos passar por momentos de infelicidade, de tristeza.
Não importa a forma como encaramos a vida, vamos viver essas duas situações, de felicidade e infelicidade. A diferença é como a gente se vê entre o ser e o estar, porque, na verdade, a gente sempre está.
Se assim o é, precisamos mapear e entender as nossas jornadas. É mais ou menos o que diz Almir Sater e Renato Teixeira, em Tocando em Frente: “penso que cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente”.
Dentro dessa linha, os estudos de Jung nos dão um mapa. É o que hoje conhecemos como a Jornada do Herói. Penso que esse entendimento traga força, fé e foco, dentro daquilo que necessitamos passar, viver, experimentar.
E nossa jornada começa no mundo comum, no nosso dia a dia. Via de regra, dentro da rotina, mergulharmos em uma zona de conforto perigosa (já tratei aqui da importância de estar na zona de conforto em certos momentos). Assim, o mundo vai mudando e não vamos percebendo. Problemas se acumulam, mas temos uma visão muito limitada deles.
Vivemos, assim, naquilo em que convencionamos chamar de “nosso mundinho”. Nele, por vezes, perdemos nossa essência, nossa razão de ser, de existir. A vida fica meio que sem sentido. Aqui, de novo, entram escolhas. Podemos nos afundar nessa situação, ou enxergarmos novas possibilidades, novos caminhos. É hora, então, de deixarmos essa zona de conforto para trás e adentrarmos em um mundo especial, diferente e, também, mais instável e com uma percepção de ser mais perigoso (lembrando que talvez não haja perigo maior do que perder o sentido da vida).
No filme Rei Leão III, por exemplo, podemos verificar esse momento quando o Timão, por seu jeito desastrado de ser (pelas características de um Suricato), só apronta e atrapalha a vida de seus pares. Ele não nasceu para cavar túneis. Quer explorar o mundo e encontrar um local especial para viver. Decide, então, partir.
Assim como Timão, é preciso perceber o que a forma de viver tem te trazido. Se não houver, ao menos por vezes, vontade de cantar uma bela canção, é hora de adentrar em uma nova jornada (e rápido, que a hiena já vem!).
Pense nisso, se quiser, é claro!
Prof. Ms. Coltri Junior é estrategista organizacional e de carreira, palestrante, adm. de empresas, especialista em gestão de pessoas e EaD, mestre em educação, professor, escritor e CEO da Nova Hévila Treinamentos. www.coltri.com.br; Insta: @coltrijunior