A proliferação do vírus Sars-Cov-2, conhecido popularmente como Coronavírus, começa a comprometer a logística de abastecimento de cadeias de suprimentos entre os dois países. Depois de derreter o valor de mercado de empresas por todo o mundo a epidemia do coronavírus começa a atingir a produção de bens e serviços.
A projeção é que a retração na entrega de insumos industriais e produtos acabados, hoje percebida apenas por indústrias e empresas de logística, vai chegar ao consumidor final nas próximas semanas.
No caso de vestuários, os importados são cerca de 25% do mercado nacional, grande parte vinda da China. Como empresas compram com meses de antecedência, o impacto vai depender dos estoques. Restaurantes e shoppings podem ter queda no movimento. Supermercados, por outro lado, podem ter aumento segundo levantamento de empresas de pesquisa que mostra mais procura por comidas, bebidas não alcoólicas e produtos de higiene — mas houve queda nas compras de roupas e cosméticos.
Em todo estado de São Paulo, bem como na cidade de Guaíra, a situação não é diferente. O comércio já começa a mostrar sinais expressivos das quedas nas vendas, bem como a falta de alguns produtos básicos da cesta alimentar. A grande preocupação é que, com falta de alguns itens, os preços vão ter índices elevados para o consumidor final. Alguns, inclusive, já tiveram reajustes e outros já estão em falta nas prateleiras de alguns mercados.
Alguns meios de comunicação já sentem a falta de certos materiais, como por exemplo, o preço do papel utilizado como matéria prima na confecção dos exemplares. Para o diretor do Jornal O Guaíra, Lincoln Ribeiro, existe uma grande dificuldade na confecção do tri-semanal mais tradicional do município. “Essa pandemia tem atingido diretamente a nação e especificamente nossa região. Também estamos sentindo na pele para a concretização das edições do jornal guairense mais antigo, já que o material (papel) está começando a faltar no mercado. Estamos reavaliando nossas publicações, mas priorizando o serviço bem prestado aos nossos parceiros e assinantes.”
Lincoln também comentou sobre o atendimento pessoal na sede do Grupo Vicente Lacativa. “Continuamos com o trabalho da nossa equipe de redação e publicidade, porém, manteremos as portas fechadas, dando prioridade para o atendimento online, via WhatsApp, e-mail ou ainda por telefone. Qualquer dúvida, basta entrar em contato pelos telefones 3331-1432 ou (17) 99975-1782 (whats).”
Não estocar alimentos
Uma possível quarentena tem levado centenas de pessoas a lotarem supermercados para fazer compras para muitos dias, já que muita gente teme que faltem produtos nas prateleiras. Segundo a Associação Paulista de Supermercados (APAS), no último fim de semana (13, 14 e 15), houve crescimento de 8,5% na frequência de pessoas em centros de compras.
No entanto, a APAS alerta que não há necessidade de estocar alimentos pois não há risco de desabastecimento. “Os estoques dos supermercados paulistas continuam normais e toda a cadeia de abastecimento (indústria e transportes) está operando com regularidade e o abastecimento está com fluxo normal. Entre os produtos, há uma maior procura por itens de prevenção, como álcool em gel, porém, toda a cadeia de abastecimento vem trabalhando para que os itens não faltem nas prateleiras e, além disso, se mantenha um equilíbrio de preço nos pontos de vendas. Os supermercados estão preparados para atender à demanda e não há registro de desabastecimento nas lojas do estado de São Paulo”, informaram.
A Companhia de Entrepostos e Abastecimento Geral do Estado de São Paulo (Ceagesp) também informou que o abastecimento e vendas de produtos para atacadistas e varejistas seguem normais, apesar da pandemia. “Estamos atentos a todas as orientações dos Ministérios da Economia e da Saúde para a prevenção contra o COVID-19. Nossas atividades continuam para que os alimentos cheguem à mesa da população, garantindo alimentação saudável para todas as pessoas”, informaram em nota.
Segundo o sociólogo Rodrigo Augusto Prando, essa corrida por alimentos e produtos de limpeza soa egoísta e individualista. “Esse comportamento egoísta pode parecer em um primeiro momento satisfatório individualmente, mas depois a conjugação de muitos comportamentos egoístas no âmbito social, traz prejuízos para a coletividade. Então, o que hoje pode estar sendo estocado para você, pode faltar para o seu vizinho e depois para toda a sociedade. Então, há de se pensar com prudência, com racionalidade e tentar, por meio de informações sérias, fugir de fake news e teoria da conspiração”, refletiu.