Dona Iria Rodrigues Salomão nasceu no dia 21 de julho de 1918, portanto, completará 100 anos no próximo mês. Lúcida, amável e prestativa, acolheu nossa reportagem com alegria, se emocionando apenas uma vez, quando referiu-se ao esposo, Salim Salomão, falecido em 2006, informando que todos os dias ajeita o travesseiro que ele repousou a cabeça durante os 57 anos de casados e que este travesseiro nunca saiu da sua cama de casal. No momento que chegamos para a entrevista, encontramos Dona Iria fazendo crochê, sem o uso de óculos, com linha fina, terminando mais uma linda toalha que enfeita a sua aconchegante sala de estar.
A senhora é natural de onde?
Nasci na Fazenda Ressaca, no município de Ituverava, sou filha de Joaquim Rodrigues da Rocha e de Maria Dórida Diniz Junqueira. Tive 18 irmãos e ajudei a criar tanto os menores, como também os sobrinhos.
Como a senhora conheceu seu marido?
Ele veio da Síria, era mascate. Naquele tempo, as pessoas não vinham fazer compras na cidade, porque os mascates passavam nas fazendas. Ele vendia tecidos, roupas e passou na fazenda; me encantei com ele, passava a cavalo! Nós namoramos durante 3 anos, posteriormente nos casamos em 1949 e fomos morar em Miguelópolis, na Fazenda Lambari. Tivemos uma loja grande nessa cidade.
A que a senhora credita ter uma saúde tão boa?
Eu trabalhei muito na roça, fazia polvilho, farinha, sabão, lavava as roupas dos peões e cozinhava. Andava para lá e para cá o dia inteiro. Mas, hoje, rezo muito agradecendo a Deus pela minha saúde, porque posso comer de tudo e não tenho nem dor nas pernas!
Quando veio para nossa cidade?
Foi em 1957. Abrimos uma loja na Rua 8 com a Av. 11, onde hoje é uma padaria, e tivemos um armazém na Rua 10. Ajudei muito meu marido nestes comércios e foi onde fizemos também muitas amizades.
Tem muitas amizades ainda hoje?
Meus amigos vêm me visitar sempre. Me lembro com saudades de amigos queridos como o Sr. José Soares, chamado de Seu Zé Barbeiro, da Dona Mercedes e tantos outros… Lembro-me do Vicente Lacativa, que trabalhava com jornal. Gosto, ainda hoje, de ler o jornal todos os domingos. Recordo-me dos cachos de uvas que nasciam nas parreiras no quintal da Nádoa, que era vizinha dos Figueiredo.
Como é a sua família?
Tive três filhos abençoados, a Vilma, casada com o Antonio Dorival; Antônio, que todos chamam de Toninho Salomão, casado com Eliana; e Neif, que é casado com a Neuza. O Toninho foi o mais levado. Tenho muito orgulho dos meus filhos, do meu genro e das noras. São pessoas de bem que me visitam todos os dias, me trazem alegria. Tenho 6 netos e 6 bisnetos, a mais novinha é a Antonella, netinha do Toninho. Tenho ainda a Maria, filha do coração, casada com o Juvenal; eles me trazem carinho e atenção todos os dias. Fui ”mãe de leite” do Dr. Antonio, um sobrinho querido que hoje mora em Atibaia.
Qual o nome dos seis netos?
A Vilma tem duas filhas casadas, a Patrícia, que mora na Bahia e a Janaina que mora em São Paulo. O Neif tem o Rodrigo e o Lúcio que também moram longe, o Antonio tem o Fernandinho e a Natália.
Hoje, o que distrai a senhora?
Assisto a Rede Vida todos os dias. Enquanto vejo televisão fico fazendo crochê, além do terço, gosto muito de assistir ao futebol não vejo novela, mas gosto do futebol. Rezo o terço juntamente com Vilma, mas quando é à noite, todos eles passam por aqui para pedir a bênção. Caminho alguns quarteirões todos os dias, vou até a casa da Vilma. Sei onde os meus filhos moram, faço um caminho imaginário até a casa do Neif e até a casa do Toninho, mas caminhar mesmo são apenas alguns quarteirões. Antigamente, ia nas festas juninas, nas quermesses onde o Salim era o leiloeiro. Havia fogueiras, sanfona, era uma alegria…
Para terminar…
Gosto de ficar em casa, me lembrando do meu marido, que foi meu grande e único amor, de falar sobre meus filhos, genro, noras, netos e bisnetos. Sempre rezando muito e agradecendo a Deus pelo dom da vida…