A difícil arte da convivência!

Editorial
Guaíra, 27 de abril de 2020 - 22h33

Não é somente nos meios políticos que estamos vivenciando a intolerância de ideias que se opõem, de objetivos divergentes e de dificuldade de se conviver harmoniosamente uns com os outros.

Nesta época de isolamento social, onde as pessoas são praticamente obrigadas a conviver diuturnamente com seus familiares, tudo fica mais potencializado.

Parece que estamos, o tempo todo, sendo testados na nossa paciência, ou melhor, na nossa impaciência,  e a intolerância se agiganta em cada pequeno gesto.

É difícil, cada vez mais difícil, ver no nosso semelhante a espiritualidade que pedimos  para  as forças do universo. Assim, nos conectamos com Deus, fazemos nossas preces, nos curvamos diante das imagens pedindo Proteção e Luz para o caminho, no entanto, saindo desta conexão, não a colocamos em prática dentro do nosso lar.

Estamos ficando com o coração endurecido, por exemplo, quando o nossos idosos, que possuem perda auditiva por conta da idade, pede que se repita o que foi falado. Ele  não ouve claramente  e na sua simplicidade diz  “Heim?” ou “Hã”, que são palavras que servem como gatilhos para uma explosão de raiva. Então, ao invés da repetição normal, para uma compreensão das palavras ditas, grita-se! Perde-se a paciência por tão pouco! E por muito pouco não se parte para a agressão física.

Com as mulheres acontece a mesma coisa! Com as crianças que estão fazendo as atividades estudantis dentro de casa,  também acontece de serem eles (mulheres, idosos e crianças) o  elo mais fraco da estrutura familiar. São eles os desaguadouros da irritabilidade, motivada por um confinamento que não estava nos planos para este ano.

Ninguém tem culpa pelo transtorno ao qual o mundo está passando! Mas alguém tem que pagar pela falta de dinheiro, de trabalho, de “coisas para fazer” e oxalá não precisem de se partir para a agressão física para desabafar toda a raiva, a ira e o descontentamento reprimidos pelo isolamento social, tão controverso.

Mas, o pior é que não tem como dizer:  só mais uma semana, só mais um mês, porque não há previsão. Não há prazos determinados para a liberação desta prisão sem grades.

Espera-se pela vacina, espera-se pelas palavras de soltura vinda  das autoridades, espera-se por milagres!

Enquanto isso, vamos exercitando a nossa Esperança, torcendo para que os idosos não morram sozinhos,  sem um abraço dos netos, sem um olhar carinhoso dos filhos, sem uma palavra de alento dos entes queridos que até bem pouco tempo se reuniam nos almoços de domingo.

Hoje, isso não existe mais!

 


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