Há uma expressão popular que atravessa gerações e permanece atual justamente porque toca em uma verdade simples e profunda: não se deve avaliar um livro pela capa. A aparência, quase sempre, entrega pouco do conteúdo. A pressa em concluir costuma ser inimiga da compreensão.
Ao fim de mais um ano, essa metáfora ganha força. O calendário vira, os fogos anunciam um novo começo e, com ele, surgem expectativas, promessas e julgamentos apressados. Rotulamos pessoas, ideias e até o próprio futuro antes mesmo de folhear suas primeiras páginas.
O Ano Novo chega como um livro ainda em branco. A capa pode até sugerir algo, mas o que realmente importa será escrito no dia a dia, nas escolhas silenciosas, nos gestos que não viram manchete e nas atitudes que constroem, pouco a pouco, o que chamamos de caminho.
Em tempos de opiniões rápidas e verdades prontas, é tentador olhar apenas a superfície. Mas compreender exige tempo, escuta e disposição para ir além do que é visível. O mesmo vale para as pessoas, para a cidade e para o país. Nem tudo o que reluz é superficial, assim como nem toda simplicidade é sinal de vazio. (a inversão foi proposital)
O jornalismo também nasce desse compromisso. Não se trata apenas de mostrar a capa dos fatos, mas de abrir o livro, virar páginas, contextualizar, ouvir diferentes vozes e respeitar a inteligência do leitor. Informação não é ruído. É construção.
Neste novo ano que se inicia, o Jornal O Guaíra renova seu convite aos leitores: que sejamos menos apressados nos julgamentos e mais atentos ao conteúdo. Que saibamos ler além dos títulos, ouvir além dos discursos e compreender além das aparências.
Que 2026 seja um ano de páginas bem escritas, de histórias verdadeiras e de olhares mais generosos. Porque os melhores livros, assim como os melhores anos, raramente se revelam logo na capa.
Um feliz Natal

