A fundadora do PSOL, Luciana Genro, fez exatamente o esperado: com o agravamento da calamidade e do totalitarismo na Venezuela, a ex-deputada veio a público dizer que Nicolás Maduro não apenas deturpou o verdadeiro socialismo, como também nunca representou o socialismo que ela defende.
Típico. Para os socialistas, os modelos que eles defendem são socialistas até o momento em que deixam de funcionar. Quando deixam de funcionar, então não são mais socialistas. Pior: nunca foram socialistas.
É socialismo até que tudo degringole; e então passa a ser tudo, menos socialismo.
O histórico é longo.
Marx defendia a abolição da propriedade privada e a estatização de todos os meios de produção (fábricas, fazendas, minas, escritórios, maquinários, equipamentos, computadores etc.). Ele chamou isso de “socialismo científico”.
“Mas não é isso o que defendemos!”, afirmam os socialistas de hoje.
Quinze diferentes repúblicas dentro do império soviético se proclamaram inteiramente dedicadas ao socialismo — até que todos os seus regimes entraram em colapso nos período de 1989 a 1991.
“Mas não é isso o que defendemos!”, dizem os socialistas de hoje. Essa frase tornou-se o mantra dos socialistas à medida que o governo venezuelano ia expropriando, estatizando e redistribuindo.
Mal se passaram 15 anos e a economia venezuelana está hoje à beira do total colapso, com pessoas matando cachorros nas ruas para ter o que comer e recém-nascidos morrendo como moscas nos hospitais públicos do país.
Consequentemente, tornou-se impossível encontrar um socialista que defenda o atual regime venezuelano. Porém, aqueles poucos que se pronunciam apenas dizem: “Mas não é isso o que defendemos!”.
Sob o socialismo, você ou mata a vaca de uma vez ou a ordenha 24 horas por dia, até ela se estrebuchar. Mas uma coisa é certa: quando o leite acaba, os socialistas culpam a vaca.