Chega de “Migué”

Editorial
Guaíra, 10 de outubro de 2025 - 09h12

Chega de meias-palavras, de “jeitinhos” e da eterna desculpa de que “o Brasil é assim mesmo”. O que nós, como nação, precisamos não é de mais reformas fiscais ou políticas tímidas, mas de um choque elétrico de realidade. Uma descarga de transparência e ética tão forte que nos acorde para a nossa própria cumplicidade. Somos um país refém da opacidade, onde o poder é exercido nas sombras e a honestidade é tratada como exceção, não, a regra.

A transparência não pode ser uma concessão; tem que ser a regra de ouro inegociável. Queremos saber, sem decodificadores ou labirintos burocráticos, para onde vai cada centavo. Nossos governantes, em todos os níveis e esferas, devem operar em uma vitrine de vidro, onde cada ato, cada gasto, cada reunião de lobby esteja visível em tempo real. O segredo é o playground da corrupção, e se a lei ainda permite o esconderijo, a pressão popular deve obrigar a luz. É ultrajante que, no século da informação, o dinheiro público ainda consiga evaporar em projetos fantasmas.

E a ética? Ah, a ética! Não se trata de um código de conduta chato; é a espinha dorsal da dignidade nacional. O brasileiro precisa parar de exigir integridade em Brasília enquanto frauda o ponto ou fura a fila. A grande corrupção se alimenta da microcorrupção cotidiana, e o cinismo individual pavimenta o caminho para o desvio institucional. Se um povo tolera o pequeno erro em seu círculo, perde a moral para cobrar o grande roubo. O choque de ética, portanto, é um espelho ácido: ele não mira só nos políticos, mas em cada cidadão que usa a lei para benefício próprio e não para o bem comum. Temos que entender, de uma vez por todas, que roubar o futuro de um país, seja desviando um bilhão ou dando um “migué” no imposto, é o mesmo crime moral.

Basta de complacência! É hora de exigir a tolerância zero e punições que sejam, de fato, exemplares, não meros tapas na mão. O custo da desonestidade precisa ser tão alto que se torne impraticável. Não somos um país condenado à eterna bandalheira. Somos uma sociedade com poder para exigir essa virada. Chegou o momento de sacudir a poeira da indiferença, vestir a armadura da indignação e fazer da transparência e da ética os únicos passaportes válidos para a vida pública e para a confiança social. Quem não aguenta o calor, que saia da cozinha, ou melhor, da política e do convívio social honesto. O Brasil decente não pode mais esperar.


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