A conta é nossa!

Editorial
Guaíra, 29 de outubro de 2017 - 11h47

Quando as televisões suspenderam suas programações normais para transmitir – ao vivo e em cores – a votação que livraria Michel Temer das denúncias de corrupção, estas mesmas câmeras não mostraram os bastidores que anteciparam tal votação.

Não falaram que o presidente tem usado sem cerimônia a máquina federal para conquistar votos de deputados.

Sua “campanha” incluiu a promessa de bilhões de reais para emendas parlamentares e projetos em municípios e estados, criação de cargos comissionados e atendimento de demandas específicas de bancadas.

Entre as medidas para convencer os deputados a ficarem ao lado do governo, a mais explícita tem sido o direcionamento de verbas para emendas – recursos pedidos pelos deputados que normalmente são gastos em suas bases eleitorais.

A distribuição de recursos não passa só pelo Legislativo. Após atravessar 2016 falando duro com estados da federação que estão atolados em dívidas, o governo parece ter mudado de ideia após o escândalo da JBS.

Assim, trinta e seis dos quarenta deputados que votaram a favor do presidente foram contemplados com 134 milhões, segundo a Contas Abertas.

O campeão foi justamente o deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), que apresentou o novo relatório favorável ao presidente. No total, ele deve receber 5,1 milhões de reais!!!

Deputados da oposição vêm criticando a distribuição de recursos. Segundo Chico Alencar (PSOL-RJ), a destinação de tantas verbas para emendas “caracterizam evidente compra de votos, com consequências de obstrução à Justiça”.

Segundo um levantamento, 80% dos 213 parlamentares que votaram a favor de Temer na sessão que analisou a denúncia contra ele fazem parte de uma das bancadas “BBB” (boi, bala e Bíblia).

Os bilhões vão para eles, mas a conta somos nós quem pagamos.


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