Dê um basta no assédio moral no trabalho

Editorial
Guaíra, 10 de dezembro de 2021 - 10h23

É a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e sem simetrias, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado(s), desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego. 

É hora de dar um basta na humilhação, mas isso depende também da informação, organização e mobilização dos trabalhadores, e se vier acompanhado de um grupo multidisciplinar, envolvendo diferentes atores sociais: sindicatos, advogados, médicos do trabalho e outros profissionais de saúde, sociólogos, antropólogos e grupos de reflexão sobre o assédio moral melhor ainda. Assim fica mais fácil caracterizar a degradação deliberada das condições de trabalho, em que prevalecem atitudes e condutas negativas que constituem uma experiência que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização. 

Normalmente a vítima escolhida – mulher ou homem – é isolada do grupo sem explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e desacreditada diante dos pares. Estes, por medo do desemprego e a vergonha de serem também humilhados associado ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima e, frequentemente, reproduzem e reatualizam ações e atos do agressor no ambiente de trabalho, instaurando o pacto da tolerância e do silêncio no coletivo, enquanto a vítima vai gradativamente se desestabilizando e fragilizando, perdendo sua autoestima. 

Vale lembrar que hoje está acontecendo com um colega, amanhã pode ser você. Na iniciativa privada já existem empresas que levam isto muito a sério, mas o medo de perder o emprego ainda é muito forte, e funcionários que têm estabilidade de emprego, se sentem mais à vontade e seguros para enfrentar o problema. 

Um ambiente de trabalho saudável é uma conquista diária possível na medida em que haja “vigilância constante” objetivando condições de trabalho dignas, baseadas no respeito “ao outro como legítimo outro”, no incentivo à criatividade, na cooperação.

 


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