Educação não cabe em um ranking. Muito menos na frieza de uma nota. Quando reduzimos a formação de nossas crianças a uma tabela de classificação internacional ou a números de uma prova, corremos o risco de esquecer o que realmente importa: gente. Gente que aprende, que sonha, que enfrenta dificuldades e que precisa de oportunidades para transformar sua própria história.
O problema não está apenas em ocupar uma posição desconfortável nas avaliações. O verdadeiro perigo é deixar que esses resultados sejam usados para reforçar desigualdades, justificar soluções superficiais ou pressionar escolas e professores sem oferecer condições reais de mudança. Assim, a educação deixa de ser um caminho de emancipação para se tornar apenas um mecanismo de cobrança.
Por isso, iniciativas como a das EMEFs, que no último dia 3 de setembro reuniram famílias para discutir o significado pedagógico das avaliações externas, são tão valiosas. Ao colocar no centro do debate provas como o SARESP e o SAEB, as escolas mostraram que avaliação não deve ser sinônimo de punição ou rótulo, mas sim de diálogo e construção coletiva.
Naquele encontro, famílias puderam entender o propósito das avaliações, tirar dúvidas, alinhar expectativas e, sobretudo, perceber que fazem parte do processo educativo. Isso muda tudo. Quando a família se envolve, o aluno se sente apoiado. Quando o aluno se sente apoiado, ele participa com mais confiança. E quando os resultados refletem melhor a realidade, eles se tornam ferramentas de transformação, e não apenas números frios em relatórios.
A lição é clara: educação não se faz sozinha. Escola, professores, estudantes, famílias e comunidade precisam caminhar juntos. Porque o que está em jogo não é apenas a nota em uma prova, mas o futuro de toda uma geração.
Se quisermos mudar de verdade a realidade educacional do país, precisamos multiplicar experiências como essa. Precisamos de mais diálogo, mais proximidade, mais corresponsabilidade. Os números continuarão existindo, mas só terão sentido quando forem usados para abrir portas, e não para fechá-las.
Educação não é sobre estar em primeiro lugar em um ranking. É sobre garantir que todos tenham lugar.