Cora Coralina disse, com a sabedoria que só os simples carregam com grandeza:

“Feliz é aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”

E há uma verdade luminosa nessa frase. Porque ensinar, quando é de verdade, não é despejar conteúdo. É um encontro. Um exercício de humildade e escuta. É a chance de transformar e ser transformado. Transferir o que se sabe, sim — mas com a grandeza de continuar aprendendo com o que se ensina.

Quem ensina com o coração aberto se obriga a rever certezas, repensar posturas, reavaliar palavras. Porque é no ato de explicar que nos confrontamos com a essência daquilo que acreditamos. É no olhar do outro que percebemos o quanto ainda precisamos crescer. E é nesse processo que nasce a verdadeira felicidade: não aquela que vem da vaidade de ensinar, mas da leveza de aprender enquanto se compartilha.

Pais, professores, líderes, colegas, amigos — todos, em algum momento, somos chamados a ensinar. E todos, se estivermos atentos, podemos sair mais sábios dessas experiências. Não por causa de diplomas, títulos ou status. Mas porque ensinar é um gesto de coragem, e aprender com o próprio ensinamento é um gesto de humanidade.

Vivemos numa época em que muitos falam, poucos escutam e quase ninguém se permite ser tocado pelo que diz. Por isso, a frase de Cora não é apenas uma homenagem à troca de saberes, é um lembrete: quem ensina com arrogância não transforma, só informa. Mas quem ensina com humildade e disposição para ouvir… esse, sim, planta sementes por onde passa, e colhe flores dentro de si.

No fim, é simples: o verdadeiro mestre não é aquele que sabe tudo, mas aquele que sabe o bastante para entender que sempre há algo novo a aprender.

E nisso reside a felicidade: em transferir com generosidade e aprender com gratidão.