Para ilustrar nosso texto de hoje, recorremos aos ensinamentos de um velho sábio. Assim, recordamos de uma antiga lenda judia que fala de um homem condenado à morte e que ia ser apedrejado.
Os carrascos lhe jogaram grandes pedras. O réu suportou o terrível castigo em silêncio. Nenhum grito. Nenhuma lástima!
Passou por ali um homem que havia sido seu amigo. Pegou uma pequena pedra e atirou na direção do condenado. Somente para demonstrar que não era seu conhecido.
O pobre condenado, atingido pela diminuta pedra, deu um grito estridente. O rei, que a tudo assistia, ordenou que um de seus lacaios perguntasse ao réu porque ele gritara quando atingido pela pequena pedra, depois de haver suportado, sem se perturbar, as grandes.
O condenado respondeu: “As pedras grandes foram atiradas por homens que não me conhecem, por isso me calei. Mas o pequeno seixo foi jogado por um homem que foi meu companheiro e amigo. Por isso gritei. Lembrei de sua amizade nos tempos de minha felicidade. E agora vi sua felicidade quando me encontrou.”
O rei compadeceu-se e ordenou que o pusessem em liberdade, dizendo que mais culpado do que ele era aquele que abandonava o amigo.
A lenda nos dá a nota de quanto dói a ingratidão de um amigo. Naturalmente, quanto mais estimamos e confiamos em alguém, mais nos atormentará a sua traição. A sua ingratidão.
Soubemos, há poucos dias, de uma aluna que, depois de ter recebido do seu mestre todo o apoio, em forma de ensino, livros, oportunidades de estágio, decidiu estabelecer uma questão judicial.
Esquecida dos tantos benefícios, das longas horas de dedicação do antigo mestre, depois de um desentendimento, resolveu requerer vultosa quantia como pagamento pelas horas de trabalho ao lado dele. Olvidou o aprendizado, do quanto lhe devia por sua própria formação profissional. E mais: de quantas portas, graças à fama dele e experiência, se haviam aberto para ela.
Ingratidão!!! Sentimento que somente floresce nos corações enfermos. Moléstia do caráter, que requer como remédio a compaixão.