Vivemos em um tempo em que a internet deixou de ser uma ferramenta de acesso e se tornou quase uma extensão do próprio ser humano. Não é exagero dizer que passamos parte significativa da vida conectados, produzindo, consumindo e compartilhando informações em uma velocidade que há poucas décadas seria inimaginável. A questão que se impõe, porém, não é apenas como utilizamos a internet, mas para quê.
A internet é como uma faca: pode ser usada para cortar o pão e alimentar, ou para ferir. O problema não está na ferramenta em si, mas na intenção de quem a maneja. Essa imagem simples, mas poderosa, nos faz refletir sobre a importância de usá-la com responsabilidade e ética.
Ela já se mostrou uma poderosa aliada do conhecimento e da solidariedade. Ela conecta pessoas distantes, democratiza o acesso à informação, amplia vozes antes silenciadas. Em situações de emergência, como desastres ambientais, é capaz de mobilizar redes de apoio em questão de minutos. Mas, no mesmo espaço virtual, também florescem discursos de ódio, manipulação, fake news e a banalização da violência.
O risco é confundirmos liberdade de expressão com licença para a agressão. O que compartilhamos, curtimos ou comentamos não é neutro: gera efeitos concretos na vida de outras pessoas e, em última instância, na própria sociedade. Ao apertar uma tecla, tocamos o mundo e essa consciência precisa estar no centro da formação ética da era digital.
A internet não é boa nem má por si só. Ela é espelho e amplificador daquilo que somos. Se a utilizamos para disseminar conhecimento, empatia e respeito, ela se torna um espaço de crescimento coletivo. Mas se a transformamos em arena de hostilidade, desinformação e intolerância, apenas reforçamos nossas próprias sombras.
A escolha, portanto, é diária e intransferível. Cabe a cada um de nós decidir se fará da internet um território de pontes ou de muros, de pão ou de ferida.