Justiça paralela

Editorial
Guaíra, 16 de janeiro de 2020 - 11h48

É muito comum se ter notícias de que há um senso de justiça dentro dos presídios do nosso país. É uma justiça paralela, feita – supostamente –  pelos próprios detentos que ponderam a natureza do crime, julgam  e executam de acordo com as suas próprias regras.

Assim sendo, Aguinaldo Guilherme Assunção, 49 anos, estava no presídio de Cerqueira César (SP) desde a tarde de terça-feira (14), quando teve a prisão preventiva decretada. Foi encontrado morto na sua cela.

Possivelmente ele foi o executor de um crime bárbaro contra Emanuelle Pestana de Castro, 8 anos, morta com 13 facadas, 8 delas nas costas e 5 no peito, na cidade de Chavantes, no Estado de São Paulo.

Aguinaldo era vizinho da família de Emanuelle e confessou que matou a menina por vingança. O suspeito relatou, durante depoimento à polícia, que assassinou a menina por vingança contra a mãe dela. Segundo depoimento, a mulher não deixava a menina brincar com o enteado dele.

A polícia chegou ao suspeito depois de analisar as imagens das câmeras de segurança próximas à praça do bairro Cohab, onde Emanuelle brincava na tarde do dia em que desapareceu.

A polícia verificou que Aguinaldo aparecia duas vezes no vídeo.  O que chamou a atenção da polícia é que entre uma aparição e outra, registradas no mesmo dia, ele está com roupas diferentes. Em um primeiro momento, o homem aparece de camiseta branca e a pé, e passa ao lado da garota, que caminha pelo bairro.

Além disso, segundo o delegado Antônio José Fernandes Vieira, Aguinaldo já havia sido condenado e cumpriu pena em 1988 por ter assassinado seu irmão. Aguinaldo já havia prestado depoimento à polícia e negado saber de qualquer informação sobre o desaparecimento da criança. Contudo, ele acabou confessando o crime à polícia, depois de confrontado com as imagens das câmeras de segurança.

O corpo de Emanuelle Pestana de Castro foi encontrado na noite de segunda-feira em uma área de mata na Fazenda Santana Nova, perto de um córrego, depois que o suspeito Aguinaldo Guilherme Assunção confessou que matou a menina.

Mais uma vez o olho eletrônico, ou seja, as câmeras de segurança auxiliaram  o trabalho da polícia para desvendar este caso. Mais uma vez também o “julgamento paralelo” funcionou porque segundo as leis que imperam nos presídios, não há perdão para crimes contra crianças.

Ninguém é a favor de se fazer justiça com as próprias mãos, mas ficou provado que há mais organização e senso de justiça em lugares pouco prováveis do que em lugares  onde espera  haver  mais  ajustamentos.

Fonte:Jornal O Guaira 16/01/2020


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