Mortes anunciadas

Editorial
Guaíra, 12 de junho de 2016 - 08h00

Quando acontece um acidente, que acaba ceifando vítimas, principalmente jovens – como o caso do ônibus que transportava estudantes e fazia a rota MogiBertioga e deixou 18 mortos – há, sem dúvida, uma comoção nacional.

Na nossa região faz-nos lembrar do acidente de ônibus que levava estudantes – da Universidade de Franca – que residiam em Sacramento. Depois veio a tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria, no Sul do Brasil.

Agora mais uma vez há um acidente com morte anunciada!

Isso porque nos pertences de vítimas, que estão na delegacia de Bertioga, foi encontrado um abaixo-assinado, ainda em branco, pedindo providências para segurança no transporte de estudantes.  O documento sem assinaturas ou nome do condutor, estava endereçado à Secretaria de Educação de São Sebastião, cidade onde a maioria dos passageiros morava.

A Polícia agora quer saber quem teria escrito e impresso o documento encontrado em uma pasta ainda com manchas de sangue. Ainda não se sabe de qual motorista os universitários reclamavam. Porém, familiares afirmavam que o condutor que morreu no acidente era alvo de reclamação constante dos universitários.

O texto do documento aponta que as atitudes de um funcionário estavam colocando em risco a integridade física dos jovens. “O motorista por várias vezes no trecho da serra da Mogi/Bertioga, em condições de tempo chuvoso e neblina, realizou manobras ilegais e assim colocando em risco as vidas que estavam sob a sua responsabilidade”.

O documento cita ainda que por algumas vezes houve atraso de alguns universitários na saída da faculdade e que o motorista do fretado não esperou.

Apesar do termo não mencionar nenhum nome de funcionário, o estudante de engenharia Fabio Gomes Costa disse, na última quinta-feira (9), que o motorista morto Antonio Carlos da Silva não costumava respeitar os horários pré-estabelecidos. Ele era muito estressado e falava que o horário limite para sair era 22h05 – e na verdade é 22h10 – e corria muito. Geralmente chego em casa meia noite, com ele anteontem cheguei às 23h35”, revelou.

Fabio não foi à faculdade no dia do acidente, mas a namorada dele, Janaina Oliveira, estava no coletivo acidentado e foi uma das vítimas fatais. O casal conversou pelo telefone pouco antes do ocorrido.

O grande número de mortos e acidentados deu-se também porque os estudantes estavam em época de provas. Mais uma tragédia que jamais será esquecida.


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