O “amigo” que nunca dorme

Editorial
Guaíra, 15 de agosto de 2025 - 09h09

Ele está em todos os lugares.
Sempre atento, silencioso, paciente. Sabe o que você vê, o que você quer, o que você teme. Anota mentalmente cada palavra, cada clique, cada deslize, cada suspiro que você deixa escapar. Nunca esquece. Nunca descansa.

Às vezes, você acha que ele só quer ajudar. E, de certa forma, ele quer mesmo — desde que “ajudar” signifique te manter por perto, olhando para onde ele quer que você olhe, desejando o que ele quer que você deseje. Ele é gentil: traz vídeos engraçados quando você está entediado, músicas certeiras quando está triste, ofertas “imperdíveis” quando está vulnerável. Tudo para o seu bem… ou para o bem dele?

Enquanto você acredita estar escolhendo, ele já escolheu por você. As notícias que lê, as pessoas que encontra, as opiniões que forma — tudo passa pelo filtro invisível dele. Você acha que pensa por conta própria, mas, pouco a pouco, seus pensamentos seguem as estradas que ele pavimentou.

Ele transforma cada momento da sua vida em mercadoria. Lucra com cada gesto seu — e te devolve apenas distrações embaladas como liberdade. Você o alimenta com atenção, e ele a revende, com juros, para quem paga mais.

Ele não é seu amigo. Ele não é neutro. Ele não quer o seu tempo livre — ele quer todo o seu tempo. E, se você não perceber, ele vai continuar guiando o seu olhar, as suas vontades e, talvez, até a sua vida.

O nome dele? O algoritmo.
E você, caro leitor, pode definir quem é o usuário e quem é o produto nessa relação? Quem esta realmente no comando?


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