Há uma antiga fábula que fala sobre um vagalume perseguido por uma cobra. Incomodado com a perseguição insistente, o pequeno inseto pergunta por que está sendo caçado. Não fazia parte da cadeia alimentar da serpente, nunca lhe causou nenhum mal. A resposta da cobra é direta e desconcertante: — Porque não suporto te ver brilhar.
Essa história, simples e simbólica, ecoa verdades profundas sobre as relações humanas. Muitas vezes, o que atrai inveja, críticas ou tentativas de nos sabotar não é o que fazemos, mas o que somos. É a nossa luz, a nossa essência, a maneira como, mesmo em tempos difíceis, conseguimos continuar iluminando o nosso caminho — e, sem querer, iluminando também as sombras de quem ainda não encontrou a própria luz.
Vivemos tempos em que a autenticidade é confundida com vaidade, e o sucesso com arrogância. E nesse cenário, não são raros os “caçadores de vagalumes” — aqueles que não suportam o brilho alheio, simplesmente porque ele evidencia aquilo que eles mesmos não conseguem ou não querem ser.
Mas o brilho verdadeiro não se apaga por isso. Ele pode até tentar se esconder, diminuir sua intensidade por medo ou cansaço, mas cedo ou tarde volta a reluzir. Porque quem carrega luz dentro de si não consegue viver na escuridão por muito tempo.
Ser luz é resistir. É se manter fiel à própria essência mesmo quando tudo ao redor pede silêncio, conformismo, invisibilidade. É entender que não precisamos ser sol para brilhar: até o mais singelo dos vagalumes, em meio à escuridão, tem seu valor. E muitas vezes, é ele quem mostra o caminho.
Que cada um de nós tenha a coragem de ser quem é. De manter acesa sua chama interior mesmo diante das adversidades. E que, em vez de temer ou atacar o brilho do outro, a gente aprenda a se inspirar com ele. Porque quando uma luz se acende, ela não apaga as demais — ela convida todas a brilharem também.
Seja como o vagalume. Siga em frente. Brilhe. Mesmo que incomode.