O Lucro do Medo e o Silêncio do Bem

Editorial
Guaíra, 26 de outubro de 2025 - 09h11

Há dias em que basta abrir o celular para sentir que o mundo desabou de novo. Uma tragédia aqui, um crime ali, uma enxurrada de indignações embaladas em letras maiúsculas. O medo virou manchete, e a esperança, rodapé. O caos engaja, o desastre vende. E quanto mais escuro o noticiário, mais claro fica que o mal aprendeu a usar o algoritmo.

Vivemos como quem assiste a uma novela sem final feliz. O sofrimento alheio virou combustível para conversas, memes, debates instantâneos. A dor virou espetáculo. E nós, plateia fiel, seguimos compartilhando a próxima tragédia como quem troca figurinhas. Talvez porque o medo seja um instinto antigo, uma herança da caverna. Ele nos faz sentir vivos e, ironicamente, nos impede de viver.

Enquanto isso, o bem passa despercebido. Ele é sereno e constante, floresce no gesto anônimo, na ciência sem fama, na delicadeza que acontece longe das câmeras e perto do coração. É ali que a humanidade ainda respira, mesmo quando parece sufocada pelo barulho do mundo.

É hora de valorizar o outro lado da moeda. De dar palco ao que constrói, de iluminar o que cura, de destacar as atitudes que resgatam a fé nas pessoas. Não é sobre romantizar o mundo, mas sobre reequilibrá-lo. Porque se o mal é notícia, o bem também merece ser manchete.

Talvez a verdadeira revolução comece quando escolhermos compartilhar o que eleva, e não apenas o que choca. O medo pode até mover cliques, mas é o amor que move o mundo. E o mundo, convenhamos, está precisando urgente de um novo tipo de audiência.


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