A notícia da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras soa como um alarme que o Brasil não pode mais ignorar. O impacto será profundo, afetando setores estratégicos como agropecuária, indústria de base e cadeias produtivas inteiras que sustentam milhares de empregos e mantêm a balança comercial positiva.
O alerta foi dado com clareza pelo presidente da Faesp, Tirso Meirelles: faltou diálogo, faltou estratégia, faltou presença. Em um mundo onde o protecionismo volta a ditar o ritmo das grandes economias, a diplomacia não pode mais atuar de forma reativa. Quando o Brasil se cala ou hesita, outros países agem e os prejuízos recaem sobre quem produz, investe e trabalha.
O agronegócio brasileiro, responsável por mais de US$ 50 bilhões em superávit comercial com a China em 2024, é também um dos principais fornecedores para os Estados Unidos. De café a celulose, de carne bovina a suco de laranja, há um elo direto entre as decisões de Washington e a realidade do campo e da indústria no interior do país. Perder competitividade nesses mercados por inação diplomática é inaceitável.
As tarifas não são apenas um número. Elas significam menos receita, menos empregos, menos oportunidades. A falta de articulação prévia com um parceiro comercial tão relevante revela uma fragilidade estrutural de nossa política externa e expõe a ausência de diálogo permanente entre governo, setor produtivo e diplomacia.
Há tempo para agir. Como destacou Meirelles, as tarifas estão previstas para agosto, e ainda é possível mobilizar esforços junto a órgãos técnicos, lideranças do agronegócio, representantes industriais e diplomatas experientes. Não é hora de discursos ideológicos. É hora de pragmatismo, de diálogo e de estratégia.
O Brasil precisa recuperar seu protagonismo nas relações internacionais. A construção de uma diplomacia forte, articulada com os interesses da produção nacional, é um passo urgente. E a conta dessa omissão se não corrigida agora, será paga com juros por toda a sociedade brasileira.