Há quem viva em busca de evidência, não a que vem da verdade, mas a que vem da vitrine. Estar em evidência virou o novo verbo do sucesso. Brilhar, aparecer, ser notado. A alma pode até estar vazia, mas o feed precisa estar cheio.
O curioso é que as evidências, as reais, aquelas que o tempo não apaga, acabam mostrando o contrário. Mostram o improviso mal disfarçado, o discurso com cheiro de roteiro, a generosidade calculada para render curtidas. É um teatro bem montado, com luzes potentes e atores dedicados, mas com um enredo frágil: o da autenticidade perdida.
Há evidências de sobra de que muita gente não quer ser, quer apenas parecer. O sucesso virou personagem, o ego ganhou microfone, e a verdade? Essa só aparece quando as cortinas caem e o público já foi embora.
Talvez seja por isso que a plateia anda cansada. Intui, mesmo sem querer, que há algo de falso naquele brilho. Que o discurso bonito tem gosto de ensaio. Que o sorriso de palco não combina com o olhar fora dele.
O mundo virou um grande palco, e nós, figurantes tentando provar relevância. Mas as evidências não mentem e elas andam dizendo, com todas as letras, que o espetáculo está bonito, sim… só que vazio.
Talvez seja hora de descer do palco e voltar a ser gente. Porque de tanto querer estar em evidência, muita gente esqueceu de deixar evidências de quem realmente é.

