Nem toda sombra é ausência de luz. Às vezes, ela é somente o resultado inevitável de um brilho muito forte.
Vivemos tempos em que a excelência, o sucesso e a produtividade são exaltados como virtudes máximas. Queremos ser árvores frondosas: gerar frutos, oferecer abrigo, ser úteis. E isso, sem dúvida, é algo a ser celebrado. No entanto, é preciso lembrar que até mesmo a árvore mais generosa e cheia de vida também projeta sombras.
Essa metáfora, simples e poderosa, nos lembra que o brilho de alguém pode, sem intenção, ofuscar outros. Que a grandiosidade de uma presença pode provocar desconforto em quem ainda está aprendendo a crescer. E que o sucesso, por mais merecido e legítimo que seja ,pode gerar ruídos, comparações, inseguranças.
Não se trata de diminuir quem brilha. Pelo contrário. Trata-se de reconhecer que toda luz cria sombras, e que a grandeza também exige sensibilidade. Porque às vezes, quem está sob a sombra não está lá por escolha, apenas foi alcançado pelo efeito colateral da luz alheia.
Este editorial não é um convite à mediocridade, mas sim à consciência. É possível brilhar sem cegar, crescer sem esmagar, frutificar sem excluir. O segredo está na empatia: perceber que, assim como uma árvore pode gerar sombra, também pode abrir espaço para outras crescerem ao seu redor.
E você? Está sendo árvore ou sombra? Fruto ou raiz? Talvez todos ao mesmo tempo, e tudo bem. O importante é não esquecer: onde há brilho, também há sombra. E compreender isso nos torna mais humanos.