Onde o tempo ganha novos sentidos

Editorial
Guaíra, 12 de setembro de 2025 - 09h03

Há lugares que não se medem em tijolos ou paredes, mas no calor humano que abrigam. O Centro de Convivência do Idoso (CCI), que nesta semana celebrou 14 anos, é um desses espaços onde o tempo parece ter outro ritmo: não corre, não pesa, floresce.

Ali, cada encontro é mais que atividade; é reencontro com a própria vida. As conversas à sombra de uma árvore, o riso que se espalha no salão, as lembranças que se tornam partilha. Tudo isso transforma o CCI em um território de pertencimento. É um lugar onde os anos não se contam apenas em números, mas em histórias que se cruzam, em amizades que se fortalecem, em vidas que continuam a ensinar.

A recente revitalização devolveu vida ao prédio, mas, mais que isso, devolveu dignidade a quem nele encontra companhia, cuidado e propósito. Telhados novos, janelas amplas, salas climatizadas. Cada detalhe é mais que obra física, é símbolo de respeito a uma geração que construiu a cidade e agora merece colher o fruto da atenção. Porque dignidade não se mede em cifras, mas no cuidado com o cotidiano de quem tanto já ofertou.

Na tarde de comemoração, entre café servido com carinho e olhares cheios de memória, a festa não celebrou somente a entrega de uma reforma. Foi também a celebração de um gesto coletivo: o reconhecimento de que envelhecer não é estar à margem, e sim ocupar um lugar central na comunidade. O gesto voluntário de Benedito, que cuida da horta com afinco, é uma bela metáfora desse capítulo: cultivar o presente para o futuro ser mais fértil.

O CCI chega aos 14 anos como um convite à reflexão. A verdadeira modernidade não está apenas nos fios elétricos renovados ou no ar-condicionado instalado, mas na capacidade de uma cidade se lembrar de seus idosos e transformá-los em protagonistas. Afinal, conviver é muito mais do que dividir espaço: é compartilhar vida. E, nesse compartilhar, descobrimos que o tempo pode ser mais leve, mais humano, mais generoso.

Que o aniversário do CCI inspire a todos nós a compreender que o futuro de uma cidade se mede também pelo respeito que dedica à sua memória viva, seus idosos. Pois onde há cuidado e afeto, o tempo não envelhece: ele floresce.


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