Nos tempos atuais, testemunhamos uma inversão de valores que, sob o pretexto de “salvar o planeta”, muitas vezes perde de vista a essência do que realmente importa: o bem-estar e a dignidade do ser humano. É inegável a importância da preservação ambiental, mas quando a proteção de uma capivara ou a substituição de uma árvore ganha mais relevância do que crimes cometidos contra seres humanos, é preciso refletir sobre os rumos de nossa sociedade.
Não se trata de menosprezar as pautas ambientais, que são fundamentais para nossa sobrevivência como espécie. O problema reside no desequilíbrio e na desproporcionalidade com que certas questões são tratadas. Enquanto uma pessoa que comete um crime violento pode receber uma pena branda, alguém que, por necessidade ou desconhecimento, causa dano a um animal ou planta pode enfrentar consequências devastadoras, tanto legais quanto sociais.
Este cenário reflete uma distorção perigosa de prioridades. Embora a preservação do meio ambiente seja crucial, não podemos permitir que essa causa nobre se transforme em uma ideologia cega que ignora o sofrimento humano ou criminaliza ações sem considerar seu contexto e intenção.
É preciso buscar um equilíbrio. A proteção ambiental deve andar de mãos dadas com a proteção da dignidade humana. Não podemos salvar o planeta às custas da compaixão e do bom senso. A modernidade nos desafia a encontrar soluções que harmonizem o progresso com a preservação, sem criar hierarquias absurdas onde a vida de uma árvore vale mais do que a de um ser humano.
Estes são, sem dúvida, sinais dos novos tempos, onde a nobre causa da preservação ambiental corre o risco de se tornar um dogma inflexível. É hora de repensar nossas prioridades e buscar um ambientalismo mais humano, que não perca de vista o valor intrínseco da vida em todas as suas formas, mas que também reconheça a singularidade e a importância central da experiência humana.
A verdadeira modernidade deve ser capaz de conciliar a proteção do meio ambiente com a valorização da vida humana, sem criar falsas dicotomias ou hierarquias morais distorcidas. Só assim poderemos construir um futuro verdadeiramente sustentável, não apenas em termos ecológicos, mas também em termos de justiça e compaixão.