Tem gente que acha que basta ser. Que o mundo gira em torno do próprio eixo. Que dá para caminhar sozinho, sem depender, sem olhar para o lado. Mas a vida, por mais solitária que às vezes pareça, é feita de encaixes. Somos engrenagens. E engrenagem que gira sozinha… não movimenta nada.

Completar e ser completado não é sinal de fraqueza, é a mais nobre expressão da conexão humana. Nas relações, sejam elas afetivas, familiares, profissionais ou de amizade, somos parte de um mecanismo maior. Um precisa do outro para funcionar. O parafuso pequeno sustenta a estrutura imensa. O gesto singelo segura o desmoronamento do outro. A palavra certa, na hora certa, impede o travamento da alma.

Há quem tenha a força. Outro, a delicadeza. Um pensa. Outro realiza. Um fala. Outro escuta. E assim, no movimento sincronizado das diferenças, a vida anda. Quando se tenta ser tudo ao mesmo tempo, o sistema emperra. Mas quando se entende que há beleza na interdependência, que há potência no “nós”, tudo desliza com mais suavidade.

Não se trata de precisar do outro por carência, mas por consciência. A consciência de que a vida ganha sentido quando percebemos que fazemos parte de algo maior do que nós mesmos. Que nosso papel é importante, mas não único. Que há engrenagens que só giram se houver confiança, afeto, parceria, humildade.

Em tempos de tanto individualismo, redescobrir o valor de completar e de se deixar completar é um ato de coragem. É ir na contramão da vaidade autossuficiente e admitir que, sim, precisamos uns dos outros. Não porque falhamos sozinhos, mas porque vencemos melhor juntos.

Afinal, o que move o mundo não é o giro de uma peça solitária. É o encontro perfeito entre as engrenagens. É a força do coletivo. É o encaixe que gera o movimento. E é nesse movimento que a vida acontece.