QUANDO FALTA ARGUMENTO, SOBRA XINGAMENTO

Editorial
Guaíra, 2 de outubro de 2024 - 07h18

Sócrates já avisava: “Quando o debate está perdido, a difamação é a ferramenta do perdedor.” E sua frase ressoa até hoje. Em tempos onde a falta de argumentos domina, a saída fácil de muitos é apelar para o ataque pessoal, na tentativa de encobrir a ausência de ideias. Em vez de elevar a discussão, eles preferem arrastá-la para o submundo da ofensa, como se a lama pudesse substituir a falta de substância.

Essa prática está longe de ser novidade. Na política, o ataque pessoal surge sempre que os argumentos falham. De forma quase automática, o adversário vira “corrupto”, “incompetente”, “traidor”, sem que provas acompanhem as acusações. Por que responder com lógica quando é mais fácil destruir a reputação? A difamação espalha-se rápido, como veneno, independentemente da sua veracidade.

Paradoxalmente, quanto mais acessível se torna a comunicação, mais ela se degrada. As redes sociais e a mídia sensacionalista amplificam essa cultura de ataques, onde vencer o debate não significa apresentar boas ideias, mas calar o outro com insultos e desinformação. Nesse contexto, a verdade importa menos do que o impacto imediato de uma acusação.

A difamação, no entanto, vai além de uma simples tática. Ela escancara a derrota. Quem a utiliza admite que já perdeu a batalha das ideias. Em vez de enfrentar o outro com argumentos, busca desqualificá-lo, transformando o debate em um campo minado de ofensas. Mas, no fundo, essa atitude denuncia mais o difamador do que a vítima.

Quem recorre à difamação revela fraqueza e covardia. É como quem, sem ter como sustentar suas ideias, se esconde atrás de gritos e insultos. E assim, o difamador se reduz a uma figura patética, alguém que vasculha qualquer sujeira para manchar a reputação do adversário. Sócrates nos ensinou bem: a difamação não apenas confirma a derrota, mas expõe a pequenez de quem a pratica.

No fim das contas, quem sai vitorioso não é o que grita mais alto, mas o que, mesmo sob ataques, mantém a firmeza e a dignidade de suas ideias. O cinismo desse cenário está em perceber que, hoje, a verdade nem sempre basta. Mas a história já provou: a difamação pode até sufocar a verdade por um tempo, mas ela nunca consegue apagá-la por completo. O debate sempre volta ao campo das ideias. E, mesmo em meio à lama, a verdade sempre se destaca.


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