Vivemos tempos em que a ética, ao invés de ser um farol que guia as ações humanas, é muitas vezes sequestrada por aqueles que menos a praticam. É um fenômeno sutil, mas corrosivo: pessoas sem escrúpulos, que demonstram na prática desprezo por princípios morais básicos, tentam se vestir com o manto da ética para atacar justamente aqueles que agem com integridade.

Essa inversão de papéis não é nova. Desde tempos antigos, há quem use o discurso da virtude como uma máscara, uma performance cuidadosamente calculada para desmoralizar o outro e proteger os próprios interesses. São pessoas que não hesitam em caluniar, distorcer fatos ou simular indignação ética, não por zelo moral, mas como estratégia de manipulação.

A ironia está no fato de que, muitas vezes, quem é ético de verdade acaba na defensiva, tentando se justificar diante de acusações vazias, enquanto os verdadeiros antiéticos se aproveitam da confusão que criam. O discurso da ética, nesse contexto, vira arma, não bússola.

É fundamental aprender a reconhecer esse tipo de manobra. A ética genuína não se baseia em palavras, mas em atitudes consistentes ao longo do tempo. Quem é verdadeiramente ético não precisa se impor gritando valores. Sua conduta fala por si. Já quem age com má-fé tenta confundir, inverter, manipular.

Usar a ética como ferramenta de ataque é uma das formas mais perigosas de corrupção moral. Porque perverte justamente aquilo que deveria unir as pessoas num pacto de respeito mútuo, justiça e verdade. Defender a ética, hoje, exige não só praticá-la, mas também desmascarar os que a usam como fachada para fins escusos.

No fim, como dizia o filósofo Kant, “não é a aparência de moralidade que importa, mas a boa vontade por trás das ações.” E essa, os antiéticos jamais conseguirão simular por muito tempo.