Sem alma, até a melhor tecnologia é só ferramenta vazia

Editorial
Guaíra, 6 de agosto de 2025 - 11h18

Vivemos um tempo em que a inteligência artificial invade campos antes exclusivamente humanos: escreve textos, resolve problemas, desenha estratégias, orienta negócios. É útil, é eficiente, mas há um limite que não se pode cruzar impunemente: o da ausência de repertório emocional.

Usar a IA sem um repertório próprio é como entregar uma enxada a alguém que nunca sentiu a terra entre os dedos. Pode até parecer produtivo, mas falta alma, falta direção, falta verdade. A tecnologia, por si só, não pensa, ela replica. E sem alguém que pense com sensibilidade, com repertório, com vivência, o que se produz é superficialidade embrulhada em palavras bonitas.

O mesmo vale para qualquer área da vida. No campo, por exemplo, uma colheitadeira moderna é inútil se quem a opera não entender o tempo da chuva, o cuidado com o solo, o valor de uma boa safra. No jornalismo, um texto bem escrito não vale nada se não carrega propósito. No convívio humano, até as melhores ferramentas de comunicação empobrecem quando falta escuta, empatia e olhar.

A inteligência artificial pode até gerar ideias, organizar informações, até sugerir caminhos. Mas quem decide o tom, quem dá sentido, é você. O coração humano segue insubstituível.

Por isso, o alerta: não se terceiriza o sentir. A IA não vai viver por você. Não vai sentir a dor da perda, o orgulho de uma conquista, o cheiro do café coado numa manhã de trabalho duro. Quem não cultiva repertório emocional, quem não lê, não observa, não se expõe, não se questiona,corre o risco de produzir muito, mas sem comunicar nada.

Portanto, que a IA seja aliada, nunca âncora. Que a tecnologia nos sirva, e não nos substitua. E que nunca esqueçamos: sem emoção, até o texto mais perfeito é apenas um eco sem voz.


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