A equipe do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, faz planos para impedir que Michel Temer consiga ganhar fôlego no Congresso, após a apresentação da primeira denúncia contra o peemedebista, na próxima semana.
O grupo estuda entregar ao Supremo um segundo pedido de ação penal contra o presidente antes mesmo de a Câmara decidir pela aceitação ou não da queixa inicial. Procuradores dizem que, com o que há hoje, é possível atribuir ao menos três crimes a Temer.
Assim, Michel deverá ser acusado por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução de justiça. Há quem aposte que é possível unir elementos para uma quarta acusação: lavagem de dinheiro.
Até a oposição no Congresso tem condenado a postura do PSDB. “Não tem nada mais indigno do que apoiar Temer no Parlamento e pedir sua cassação no STF”, diz Silvio Costa (PTdoB-PE).
No entanto, aliados do presidente no Congresso garantem que, hoje, ele teria ao menos 250 votos para barrar a primeira denúncia. Os parlamentares dizem que Temer larga com vantagem pela longa e afinada relação que mantém com o Congresso. Neste aspecto, o presidente pontua sua mais aguda diferença com relação ao estilo da antecessora, Dilma Rousseff.
Enquanto isso, Rodrigo Maia (DEM-RJ) irritou a base ao falar em suspender o recesso. Parlamentares disseram que não é o momento de o presidente da Câmara criar inimizades desnecessárias.
Outro assunto que vem ganhando corpo no Congresso, a criação do chamado “distritão” para a eleição de 2018 que tem causado divergência no PT, partido de Vicente Cândido (SP), relator do projeto que discute a reforma política na Câmara.
Este “distritão”, segundo a deputada Maria do Rosário (PT-RS), que tem criticado fortemente a proposta, prevê a eleição dos deputados mais votados em cada Estado. Ela acabaria com o “fenômeno Tiririca”, em que um nome com muitos votos ajuda a eleger outros com pouca expressão.
Rosário tem dito que o “distritão”, na verdade, dificulta a eleição de políticos novos e de representantes de minorias, favorecendo a reeleição de quem já tem mandato. O modelo era defendido pelo ex-deputado Eduardo Cunha.