Sobra Inteligência Artificial, Falta Inteligência Emocional

Editorial
Guaíra, 27 de junho de 2025 - 09h00

Vivemos na era da inteligência artificial, mas esquecemos de cultivar a inteligência que realmente nos torna humanos: a emocional. Enquanto algoritmos avançam a passos largos, processando dados, otimizando decisões e replicando tarefas antes exclusivamente humanas, nossa capacidade de compreender, acolher e cuidar das emoções, próprias e alheias, parece estagnada, quando não em retrocesso.

Não se trata de negar os benefícios que a IA traz. Ela salva vidas em hospitais, combate fraudes, revoluciona o ensino, democratiza o acesso à informação e transforma o mercado de trabalho. No entanto, quanto mais nos automatizamos, mais parece crescer um vazio silencioso entre as pessoas: relações menos empáticas, ambientes de trabalho mais tóxicos, juventudes ansiosas, idosos solitários, redes sociais recheadas de comparações e julgamentos. Estamos nos conectando com máquinas e desconectando uns dos outros.

Essa desconexão emocional se reflete em todos os âmbitos: líderes que priorizam métricas e esquecem de gente; escolas que preparam para vestibulares, mas não para frustrações; famílias que compartilham Wi-Fi, mas não conversas; empresas que investem em bots, mas não em bem-estar. A inteligência emocional, que envolve empatia, autorregulação, escuta ativa, resiliência e consciência social, ainda é vista como “acessório”, quando deveria ser o alicerce.

Em tempos de IA, precisamos urgentemente de IE. Porque algoritmos podem simular sentimentos, mas não senti-los. E se não cultivarmos nossa humanidade com o mesmo empenho com que treinamos máquinas, corremos o risco de sermos os robôs do futuro, frios, funcionais e vazios por dentro.

A verdadeira evolução não está apenas em criar inteligências artificiais cada vez mais poderosas, mas em formar seres humanos mais conscientes, sensíveis e preparados emocionalmente para conviver com um mundo em transformação. Afinal, a tecnologia deve nos servir, não nos substituir. E para que isso aconteça, precisamos urgentemente resgatar o que nenhum código pode reproduzir: nossa capacidade de sentir, compreender e cuidar uns dos outros.

 


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