O Bairro São José de Albertópolis, conhecido por todos como Guarita, respirou história e emoção neste fim de semana. O encontro anual, que já faz parte da alma da comunidade, mostrou mais uma vez que tradição não se perde quando é cultivada com afeto e união.
O dia começou no campo, onde a bola correu livre como nos velhos tempos. Veteranos da Águia do Vale, como Derda, Ricardinho e Zé Goiaba, voltaram a vestir a camisa e, por alguns minutos, o passado se confundiu com o presente. Cada passe e cada riso e claro cada briga, ecoavam lembranças, como se o apito do juiz fosse apenas um detalhe diante da verdadeira vitória: reencontrar amigos e reviver a camaradagem.
Com a presença de muitos veteranos do esporte, a vereadora Maria Adriana fez questão de participar com toda sua família presente e ainda representando o prefeito Junão e o vice Renan, que não puderam participar, mas que deram total apoio.
Quando a poeira do jogo baixou, a comunidade se reuniu no barracão, transformado em espaço de fé, já que a igreja segue em reforma. Ali, o Padre Luiz Gonzaga conduziu a missa, provando que a espiritualidade não depende de paredes, mas do coração daqueles que acreditam e se apoiam mutuamente.
O momento mais emocionante, no entanto, veio com as homenagens. Ronaldo de Castro, o Chacrinha, chamou à frente famílias que fizeram do Guarita um lugar de trabalho e de esperança. Chamou o “José Fidelis Dirceu, existe uma pessoa que jamais poderíamos deixar de homenagear, o seu pai, o saudoso Dídio. Quem aqui não se lembra dele? Do seu jeito simples, daquele sorriso discreto e do coração generoso. Foi um homem que tanto fez pelo Guarita, que ajudou tanta gente numa época em que quase tudo era trabalho braçal, quando não havia tecnologia e o esforço humano era a verdadeira riqueza, lembrado pela força de quem deu emprego e dignidade em tempos duros, sobretudo nos anos em que o algodão marcava a rotina do bairro. Também foi citado Sebastião Ribeiro, o Duca, homem íntegro e trabalhador, que deixou sua marca no comércio local.
E houve ainda o reconhecimento aos que permanecem. Ao olhar para o pai, Ronaldo de Castro, o Chacrinha, destacou, com a voz embargada, o valor de homenagear em vida aqueles que sustentaram a comunidade com sua dedicação. “É uma alegria poder homenagear em vida os que ajudaram a construir nossa história. O senhor meu pai é hoje o morador mais antigo do bairro, nascido e criado aqui, e continua conosco até hoje, um verdadeiro patrimônio do Guarita”, disse, emocionando a todos.
Para selar o encontro, um gesto simbólico uniu passado, presente e futuro: o plantio de um pé de guarita, trazido de Minas Gerais por Rinaldo de Paz. Diante da igreja, no coração da praça, a muda ganhou a bênção do padre e foi recebida com aplausos. Não era apenas uma árvore, mas a representação das raízes profundas que ligam a comunidade à sua própria história.
Depois, como em todo bom encontro, vieram os abraços, as histórias compartilhadas, a mesa farta e o chopp gelado. Entre sorrisos e lembranças, ficou a certeza de que o
Encontro da Guarita é mais do que uma festa. É um elo que une gerações, uma forma de manter viva a memória dos que vieram antes e de fortalecer o caminho dos que ainda virão.
Na simplicidade desse gesto coletivo, a comunidade reafirmou algo precioso: tradição é aquilo que se renova no coração de cada um, ano após ano, e que mantém acesa a chama de pertencimento.