Badia Jabour Junqueira, mãe de Lauriane, Marcel e Neto, sogra de Juliano e Fernanda, avó de João Lucas e José Otávio – e Rafaela, que está a caminho – é formada pela USP, em Ribeirão Preto, em Ciências Biológicas e tem também no seu currículo curso de Formação Pedagógica. Atuou dentro e fora da sala de aula. Foi primeira-dama do município na gestão do esposo, Dr. Orlando. Muito eloquente, inteligente, culta e bonita, Badia vê-se hoje mais tranquila, não tem mais apego “às conversinhas” e tem prazer no convívio familiar, pois todos os dias conversa com os três filhos estejam onde estiverem. Está preparada para ocupar qualquer cargo e colocar a mulher em lugar de destaque.
Como foi sua infância?
Nasci em Guaíra. Quando era bebê, meus pais se mudaram para o Paraná, por algum motivo não se adaptaram por lá e voltamos. Frequentei as escolas de nossa cidade até o Ensino médio. Tive excelentes professores! Por exemplo, a Dona Vanda Talarico, me ensinou muito. Sempre gostei de escrever, mas na parte gramatical foi me dada uma base muito grande, até hoje me lembro das regras. Para escrever certo, foi preciso manusear livros e saber das regras gramaticais, tudo isso contribuiu para a minha pessoa redigir melhor. Gostava das Ciências Biológicas, da Geografia, de Português e gostava também da área médica.
E a adolescência?
Naquela época, a educação era limitada! Mas, sempre participei da organização dos encontros e fui muito dedicada na parte de arrecadar fundos para a nossa formatura. No Ensino Médio, como todos daquela época, fomos educadas para não sair muito, mas sempre participei das brincadeiras dançantes das reuniões, dos teatrinhos, escrevia artigos (que não eram publicados), vivíamos na época do militarismo, então os pais tinham muito medo, por isso digo que a adolescência foi um pouco limitada.
Como Dr. Orlando entrou na sua vida?
Na verdade eu tinha muita amizade com os familiares do Orlando. A Fifi, Sr. Valdemar, a Lucinha… E eles falavam que queriam que eu namorasse alguém da família (risos). Me apresentaram o Orlando, me casei em 1975 e ficamos casados até 2002, quando ele faleceu. O que eu guardo na memória é que sempre havia muita gente em volta do Orlando, porque no início, minha casa era junto com o consultório. Quando o questionei sobre isso, ele disse que vida dele era aquilo. Ele teve muitas propostas para se especializar nos Estados Unidos, em São Paulo e Rio Preto, mas ele escolheu Guaíra!!! Então, me adaptei a ele! Fui me transformando e ficando mais tranquila, mais maleável.
Ele influenciou seu gosto pela política?
Eu acredito que já tinha esse gosto pela política. Só que me sentia barrada. Ao lado dele me senti um pouco mais firme, mais solta, porque tinha alguém que direcionava e filtrava o que se queria da política. Ele mesmo não queria mexer com isso. Mas, de repente, se viu envolvido e eu disse: experimenta! No final, ele não tinha mais entusiasmo, pois achava que tinha que se dedicar mais para a medicina, a qual ele gostava muito. Em uma entrevista, alguém perguntou qual era o dia mais feliz da vida dele. Todos esperavam que ele dissesse quando casou, ou quando nasceram os filhos, mas Orlando disse que foi o dia da formatura. Ele dizia que, formado, chegaria onde quisesse. Ele era inteligente, estudioso, sabia conduzir pelo lado humano e achava que o dinheiro era importante, mas não era tudo! Ele falava com os filhos que eles tinham que saber muito para ir até o fim com o paciente e que o médico aprendia muito com estes pacientes. Era uma troca!
Você se sente uma mãe realizada?
Me sinto uma mãe realizada! O vínculo com os filhos é de suma importância, porque fortalece os laços. Hoje, Lauriane, formada em Fisioterapia e especialista em Estética (profissão atual), está casada com Juliano; Marcel é médico nos Estados Unidos, foi uma grande conquista dele – sempre idealizou isso, acreditou no seu sonho e realizou; Neto também é médico cirurgião plástico e professor em residência médica de cirurgia plástica. O interessante é que o Orlando nunca interferiu na escolha deles. Marcel e Neto escolheram serem médicos por ser um caminho de formação e de respeito ao doente.
Como foi seu período de primeira-dama de Guaíra?
Precisei me afastar da Educação nessa época. Eu poderia até não me afastar da Escola, mas Orlando achou que seria importante, porque ele foi muito bem votado, então eu teria que fazer um trabalho agregado na parte social. Este cargo não é remunerado. Acredito que se o marido foi eleito, é importante que a esposa, como muitas que já passaram por esta oportunidade, se dedique à área social. Foi um período gratificante! Quando se é mais jovem, tem-se uma noção diferente de ver o mundo. Aprendi que é um status que deve servir para beneficiar alguém. Você aprende a servir ao próximo e os filhos aprendem também.
Mas você, particularmente, gosta da política?
Eu gosto muito da política! Mas, gosto daquela que não envolve esse populismo que está aí hoje, onde não envolve dinheiro… Aí vejo que alguma coisa está errada, então, do jeito que está não é para mim! Gosto da política onde os impostos deverão ser gastos com programas para melhorar as pessoas como cidadãos e não em emendas parlamentares, que ficamos mendigando aos deputados.
Para o futuro?
O futuro a Deus pertence! Mas Deus também fala que a vida da gente é determinada por ações. Pela minha conduta e pela conduta do Orlando, ainda tem pessoas que insistem que eu seja candidata. Se assim fosse, eu teria que radicalizar! E o que seria este radicalizar? Seria acabar com a corrupção, o empreguismo, pode até ser outra pessoa que não eu, mas a pessoa que lá entrasse deveria manter este intuito, porque a máquina pública está viciada. Há pessoas bem intencionadas, porém, ao entrar nessa máquina, se não radicalizar, vai se perder com os vícios. Por isso, só uma vez no poder e assim daria um basta!
Você vê algum líder político para um futuro?
Não acredito em Salvador da Pátria! Acredito nas pessoas que estejam querendo dar um basta! Acho, inclusive, que não deveria ter comícios, acredito no “gastar a sola dos sapatos”, levar as propostas, pois temos também as redes sociais. Se envolver dinheiro, a corrupção vem também! Por exemplo, um vereador deveria ter um salário base, porque ser somente vereador, isto não é profissão. Ele tem que ter a profissão dele! Se o cidadão começar a se profissionalizar na política, aí ele nunca vai querer sair do poder! Isso não pode! O poder é efêmero! Não se pode ficar muitos anos só com a política, porque a pessoa pode pensar que ela é efetiva. Se houver um revezamento, sem ter a reeleição, é um bom sinal; pelo sim, pelo não, na reeleição se usa a máquina pública e assim o candidato se torna privilegiado! O prefeito tem que ser remunerado dignamente, pois tem que dedicar-se exclusivamente ao município.
O que é prioridade para você?
A Educação! A Educação deveria ser prioridade em qualquer governo. Tenho exemplo na minha família. O Orlando vem de uma família simples, morava na fazenda, mudou a vida dele pela Educação. Ele sabia disso. A educação muda a vida da pessoa! Não sou muito favorável em engessar o ensino. Acredito que seja importante, desde criança, o manuseio de livros, o contato com vários métodos de ensino e uma educação com liberdade de expressão.
A falta da Educação gera a violência! A pessoa violenta não teve a oportunidade de conviver com o melhor ou com a boa educação, pois ninguém quer o pior, o mau para si próprio.